Gulag






Prisioneiros de um campo do gulag no trabalho, 1936-1937.


Gulag (ouvir ? · ficheiro) [nota 1] era um sistema de campos de trabalhos forçados para criminosos, presos políticos e qualquer cidadão em geral que se opusesse ao regime na União Soviética (todavia, a grande maioria era de presos políticos;[3] no campo Gulag de Kengir, em junho de 1954, existiam 650 presos comuns e 5200 presos políticos).[4] Antes da Revolução, o Gulag chamava-se Katorga, e aplicava exatamente a mesma coisa: pena privativa de liberdade, pena de trabalhos forçados e pena de morte. Os bolcheviques continuaram a tradição autocrática-imperial russa em uma escala dezenas de vezes maior[5] e em condições muito piores,[6][7][8] nas quais até o canibalismo existiu.[9][10] A criminalização da dissidência política era regra tanto na antiga União Soviética quanto no Império Russo Czarista (que também criminalizava heresias religiosas). Além de presos políticos, havia presos condenados por vadiagem, furto, roubo, agressão, homicídio e estupro. Finalmente, a antiga União Soviética passou por guerras internas e externas, assim como o Império Russo, então uma parte desses presidiários eram prisioneiros de guerra.[5]




Índice






  • 1 História


  • 2 Número de prisioneiros


  • 3 Imagens


  • 4 Ver também


  • 5 Notas e referências


    • 5.1 Notas


    • 5.2 Referências




  • 6 Ligações externas





História |







Emblem-scales.svg

A neutralidade deste artigo ou se(c)ção foi questionada, conforme razões apontadas na página de discussão. (desde janeiro de 2013)


O sistema funcionou de 25 de abril de 1930 até 1960[11]. Foram aprisionadas milhões de pessoas, muitas delas vítimas das perseguições de Stalin, as consideradas "pessoas infames", para a chamada "Pátria Mãe" (a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), e que deveriam passar por "trabalhos forçados educacionais" e merecerem viver na chamada "Pátria Mãe".[12]


O Gulag tornou-se um símbolo da repressão da ditadura de Stalin. Na verdade, as condições de trabalho nos campos eram bastante penosas e incluíam fome, frio, trabalho intensivo de características próprias da escravatura (por exemplo, horário de trabalho excessivo) e guardiões desumanos.[12] Floresceram durante o regime chamados pelos historiadores de stalinista da URSS, estendendo-se a regiões como a Sibéria e a Ucrânia, por exemplo, e destinavam-se, na verdade, a silenciar e torturar opositores ao regime, incluindo entre eles anarquistas,[13][14]trotskistas e outros marxistas.[12][15][16][17]


Embora algumas vezes comparado aos campos de concentração nazistas, (ver: lista dos campos de concentração nazistas) os motivos que presidiram à construção de ambos são bastante diferentes: para os gulags, as motivações eram tanto a punição por crimes comuns e não de guerra, como ideologias contrárias ao comunismo, delitos de opinião, roubo, estupro, imoralidade, vadiagem, etc., como também aos adversários políticos do comunismo, enquanto para os campos de concentração a motivação era predominantemente racial[carece de fontes?] (bastante controvertido entre os historiadores, pois o "racial" tinha conotação de ideologia).


A Coreia do Norte, considerada um dos últimos Estados comunistas, ainda mantém disfarçados "campos de trabalhos forçados" muito semelhantes no sentido de tratamento "educacional" e "adoecimento" (pela loucura)[18][19][20][21][22].[23][24][25][26][27], muitas vezes chamados também de gulags.[28] Norte-coreanos como Shin Dong-hyuk, único prisioneiro nascido num campo de trabalhos forçados do país que conseguiu fugir, tem denunciado violações aos direitos humanos ali praticados.[29]



Número de prisioneiros |




A evolução do número de presos no Gulag (1930-1953)


O número de presos cresceu gradualmente a partir de 1930 (179.000) para 1934 (510.307), quando cresceu mais rapidamente em 1938 relacionado com a expurgos (1.881.570), e, em seguida, diminuiu durante a Segunda Guerra Mundial por causa de recrutamento para o Exército Vermelho (1.179.819 em 1944). Em 1945 voltou a crescer até 1950, atingindo um valor máximo (cerca de 2.500.000), que se manteve praticamente constante até 1953.


































































Número de prisioneiros pelos documentos do NKVD e MGB[30]

1930
179.000

1936
1.296.494

1942
1.777.043

1948
2.199.535

1931
212.000

1937
1.196.369

1943
1.484.182

1949
2.356.685

1932
268.700

1938
1.881.570

1944
1.179.819

1950
2.561.351

1933
334.300

1939
1.672.438

1945
1.460.677

1951
2.525.146

1934
510.307

1940
1.659.992

1946
1.703.095

1952
2.504.514

1935
965.742

1941
1.929.729

1947
1.721.543

1953
2.468.524

Os fluxos de entrada e saída dos campos era muito substancial, o número total de detentos entre 1929 e 1953 é de cerca de 18 milhões. Como parte do mais amplo "trabalho duro", se deve adicionar cerca de 4 milhões de prisioneiros de guerra, e pelo menos 6 milhões de "especiais", ou seja, de camponeses que foram deportados durante a coletivização , para um total de 28.000.000[31]


O número de mortes ainda está sob investigação, um valor provisório é de 2.749.163.[31] Este número não leva em conta as execuções relacionadas com o sistema judicial (as execuções apenas por razões políticas são de 786.098).[31]


Segundo dados soviéticos morreram no gulag 1 053 829 pessoas entre 1934 e 1953, excluindo mortos em colónias de trabalho.[32]


Os campos recebiam também prisioneiros de outras nacionalidades, incluindo cidadãos americanos.[33] Em 1931, a Amtorg Trading Corporation (primeira representação comercial soviética nos Estados Unidos) recrutou milhares de trabalhadores americanos, que sofriam as consequências da Grande Depressão, atraindo-os com promessas de boas condições de trabalho.[33] Estes trabalhadores, que contribuíram para o desenvolvimento indústria da URSS, eram dispensados quando não mais necessários e poucos conseguiram retornar aos EUA.[33] Muitos, foram enviados aos Gulags, permanecendo detidos ali por anos.[33] O telefilme de 1982 Coming Out of the Ice [34] (pt. Atrás da Cortina de Gelo), baseado no livro homônimo,[35] dramatiza a vida de Victor Herman, paraquedista estadunidense que passou 18 anos detido na Sibéria por recusar-se a adotar a nacionalidade soviética após bater o recorde de salto em queda livre.[36]


Segundo Werh Nicolas, um historiador francês do Centre National de la Recherche Scientifique, em Paris, no livro "História da Rússia no século XX" nas páginas 318-9 se lê textualmente: "As estimativas do número de presos no Gulag no final dos anos trinta variam entre 3.000.000 (Timasheff, Bergson, Wheatcroft) e de 9 a 10.000.000 (Dallin, Conquest, Avtorkhanov, Rosefielde, Solzhenitsyn). Os arquivos do Gulag, confirmados pelos dados dos censos de 1937 e 1939, em documentos dos Ministérios da Justiça, do Interior e da Procuradoria Geral, dão um valor de cerca de 2.000.000 prisioneiros em 1940 (cerca de 300.000 em 1932, e de 1.200.000, no início de 1937).


O número acumulado de entradas no Gulag durante os anos 30 tendo em conta a alta rotatividade dos detentos é cerca de 6.000.000 pessoas. "No mesmo livro na página 416, lemos: "Como evidenciado pelos arquivos do Gulag, recentemente exumados, nos anos 1945-53 houve um forte aumento no número de prisioneiros nos campos de trabalho Gulag (passando de 1.200. 000 para 2.500.000 entre 1944 e 1953 ) e o número de deportados "especiais" de 1.700.000 em 1943, para 2.700.000 em 1953.






Localização dos campos do gulag na União Soviética




Imagens |







Nikolai Yezhov chefe da NKVD de 1936 1938. 




Prisioneiros trabalhando na construção do Canal do Mar Branco. 





Ruínas de um gulag na Sibéria. 



Ver também |




  • Aleksandr Solzhenitsyn

  • Arquipélago Gulag

  • Assassinatos em massa sob regimes comunistas

  • Campo de prisioneiros de Solovki

  • Crimes de guerra soviéticos

  • Democídio

  • Era Stalin

  • Grande Expurgo

  • Katorga

  • Kolyma

  • Memorial das Vítimas do Comunismo

  • Robert Conquest

  • Terror Vermelho




Notas e referências


Notas




  1. (em russo: ГУЛаг de Главное управление исправительно-трудовых лагерей и колоний; translit.: Glavnoye upravleniye ispravitelno-trudovykh lagerey i kolonij; em português: Administração Geral dos Campos de Trabalho Correcional e Colônias)[1][2]





Referências




  1. The labor camps were managed by another special department of the NKVD, the Главное Управление Исправительно-Трудовых Лагерей и колоний or Main Directorat for Corrective Labour Camps and Colonies, which was created in 1929 and also well known in the west under its Russian abbreviation ГУЛАГ or Gulag.


  2. Definição no Babylon


  3. Nanci D, Adler "The Gulag Survivor: Beyond the Soviet System", Transaction Pub., New York (2001,; ISBN 0-7658-0071-3


  4. «Kengir: 40 days and 50 years». Memorial’s newspaper “30-th October” 2004. #44 p. 4 (em russo). State Archive of Russsian Federation (SA RF). F. 9414. Op. 1. D. 229. P. 21, 173, 270); SA RF. F. 9414. Op. 1. D. 285. P. 309. 2004  Parâmetro desconhecido |so= ignorado (ajuda)


  5. ab Anne Applebaum (2003). «Intruduction e 20». "Gulag – A History" (em inglês). Londres: Penguin Books Ltd. p. 16-17, 396-8. ISBN 978-0-14-028310-5 


  6. «Katorga: Penal Labor and Tsarist Siberia». In The Siberian Saga: A History of Russia’s Wild East (PDF). Frankfurt: Peter Lang. 2005. pp. 73–85. ISBN 0820473944  Parâmetro desconhecido |sobreonme= ignorado (ajuda); |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)


  7. Alexander Soljenítsin (2003). Arquipélago Gulag. [S.l.]: The Harvill Press. ISBN 978-1843430858 


  8. Donald G. Boundreau (2012). Resistance in the Gulag Archipelago. [S.l.]: Amazon Digital Services Inc. p. 190. ASIN B008CMFEZO 


  9. Barysheva, A.I (18 de novembro de 1988). Memorial, ed. «The Island of Death». Consultado em 29 de setembro de 2009 


  10. Nicolas Werth (2007). Cannibal Island: Death in a Siberian Gulag. [S.l.]: Princeton University Press. ISBN 9780691130835 


  11. «Gulag», Memo, NKVD .


  12. abc Solzhenitsyn, Aleksandr "The Gulag Archipelago", Harper & Row (1976), ISBN 0-06-080396-7


  13. My Disillusionment in Russia. Mariya Spiridónova de Emma Goldman - visitado em 26/10/2009.


  14. "There Is No Communism in Russia", Emma Goldman.


  15. Kenez, Peter (1999). «5». A History of the Soviet Union from the Beginning to the End. Cambridge: Cambridge University Press. p. 103-108. ISBN 0-521-31198-5 


  16. McCauley, Martin (1993). «2». Stalin and Stalinism. England: Longman Group. p. 34-35. ISBN 0-582-27658-6 


  17. O livro negro do comunismo .


  18. "On the Map: Five Major North Korean Prison Camps" interactive map in The Washington Post - 20 de julho de 2009


  19. "Report on political prisoners in North soon" artigo escrito por Han Yeong-ik no Korea Joongang Daily - 30 de abril de 2012


  20. (em castelhano)Amnistía Internacional. «Corea del Norte: Motivos de preocupación sobre derechos humanos». Consultado em 31 de maio de 2009. Documento en dominio público. 


  21. Hawk, David (2003). «The Hidden Gulag: Exposing North Korea's Prison Camps - Prisoners' Testimonies and Satellite Photographs» (PDF). U.S. Committee for Human Rights in North Korea. Consultado em 1 de agosto de 2007  |capítulo= ignorado (ajuda)


  22. (em francês) Journal international de victimologie IDV 13 (Tome 5, numéro 1). «Réfugiés Nord Coréens : des traumatismes oubliés». Consultado em 19 dezembro 2011 


  23. (em francês)«La violation des Droits de l'Homme en Corée du Nord». Consultado em 26 marco 2013  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)


  24. (em francês)«Corée du Nord: des images satellite révèlent l'étendue de camps pour prisonniers politiques». Amnesty International. 3 maio 2012. Consultado em 13 novembro 2012 }}


  25. (em inglês) «The Hidden Gulag – Exposing Crimes against Humanity in North Korea's Vast Prison System» (PDF). The Committee for Human Rights in North Korea. Consultado em 13 de novembro de 2012 }}


  26. (em inglês) The Far Eastern Economic Review, ed. (5 dezembro 2002). «Exposed - Kim's Slave Camps». Consultado em 5 dezembro 2002 


  27. (em francês)Portesouvertes (ed.). «Portes ouvertes: WWL: Indice de persécutions». Consultado em 6 abril 2013 


  28. Os gulags escondidos na Coreia do Norte


  29. Fuga do Campo 14. Blaine Harden, Editora Intrínseca, 2012. ISBN 9788580571653 Adicionado em 16 de Novembro de 2014.


  30. A tabela, copiada de documentos da NKVD, e publicada em Gulag de Anne Applebaum, pag. 602, reportando semelhantes dados publicados em V.N. Zemskov, 1991, "Zaklyuchennyje, spetsposelentsy, ssyl'noposelentsy, ssyl'nyje i vyslannyje (statistiko-geograficheskij aspekt)", Istorija SSSR, no. 5, pp. 151-165.


  31. abc Anne, Applebaum; "Gulag: A History"; Anchor ed.; New York; (2003); ISBN 1-4000-3409-4


  32. Getty, Rittersporn, Zemskov. Victims of the Soviet Penal System in the Pre-War Years: A First Approach on the Basis of Archival Evidence. The American Historical Review, Vol. 98, No. 4 (Oct., 1993), pp. 1017-1049.


  33. abcd (em inglês) The Forsaken: An American Tragedy in Stalin's Russia. Tim Tzouliadis, Penguin Books, 2009. ISBN 9780143115427


  34. (em inglês) IMDB - Coming Out of the Ice. Página visitada em 16 de Setembro de 2013.


  35. (em inglês) Coming Out of the Ice: An Unexpected Life de Victor Herman, Freedom Press, 1983. ISBN 9780915031023


  36. (em inglês) Los Angeles Times - Author Who Was Russian Prisoner Dies : American Victor Herman Held 18 Years; Ordeal Became TV Film. Artigo de 29 de Março de 1985. Página visitada em 16 de Setembro de 2013.



Ligações externas |



Commons

O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Gulag




  • Gulag Memorial (em alemão)


  • NYPL Digital Gallery (em inglês)


  • Motime (em inglês) Uma história do Gulag


  • Gulagmuseum - sítio do Museu virtual do Gulag, com versões russa, inglesa e alemã. (em russo)

  • Museu online do Gulag



  • Portal da União Soviética
  • Portal dos direitos humanos
  • Portal da política





































Popular posts from this blog

Monofisismo

Angular Downloading a file using contenturl with Basic Authentication

Olmecas