Gato
Nota: Para outros significados, veja Gato (desambiguação).
Gato[1] | |||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||
Não avaliada: Domesticado | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Felis catus (Linnaeus, 1758) | |||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||
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O gato (Felis silvestris catus), também conhecido como gato caseiro, gato urbano ou gato doméstico,[4] é um mamífero carnívoro da família dos felídeos, muito popular como animal de estimação. Ocupando o topo da cadeia alimentar, é predador natural de diversos animais, como roedores, pássaros, lagartixas e alguns insetos.
A primeira associação com os humanos da qual se tem notícia ocorreu há cerca de 9.500 anos,[5][6] período superior ao estimado anteriormente, que oscilava entre 3500 e 8000 anos. A subfamília Felinae, que agrupa os gatos domésticos, surgiu há cerca de 12 milhões de anos, expandindo-se a partir da África subsariana até alcançar as terras do atual Egito.[7] Acredita-se que o gato-selvagem-africano (Felis silvestris lybica) era seu antepassado imediato[8] e evidencias genéticas assinalam que os gatos domésticos atuais partilham uma procedência direta com os gatos selvagens do Oriente Médio.
Existem cerca de 250 raças de gato doméstico, cujo peso variável entre 2.5 a 12 kg classifica a espécie como animal doméstico de pequeno a médio porte. Assim como ocorre com as raças de cães que apresentam esta mesma faixa de peso, o gato doméstico pode viver entre quinze e vinte anos. Devido à sua personalidade independente, tornou-se um animal de companhia em diversos lares ao redor do mundo, agradando pessoas dos mais variados estilos de vida. Na cultura humana, figura da mitologia às superstições, passando por personagens de desenhos animados, tiras de jornais, filmes e contos de fadas. Entre suas mais conhecidas representações, estão os gatos: Tom, Frajola, Manda-Chuva, Gato Félix, Gaturro, O Gato de Botas e Garfield.
Segundo pesquisas realizadas por instituições norte-americanas, os gatos consistem no segundo animal de estimação mais popular do mundo, estando atrás apenas dos peixes de aquário[9][10]. Dados censitários apontam que nos EUA existem mais gatos domésticos do que cachorros[11].
Índice
1 Taxonomia
2 História e domesticação
2.1 Pré-domesticação
2.2 Domesticação e difusão mundial
3 Características
3.1 Alimentação
3.2 Comportamento
3.3 Ciclo biológico
3.3.1 Características genéticas
3.4 Pelagem
3.5 Sentidos
3.5.1 Visão
3.5.2 Audição
3.5.3 Tato
3.5.4 Paladar
3.5.5 Olfato
3.6 Envelhecimento
4 Comunicação
4.1 Miado
4.2 Ronrono
4.3 Outros sons
5 Zoonoses
5.1 Alergias
5.1.1 Reações alérgicas em humanos
5.2 Toxoplasmose
5.3 Leucemia felina
5.4 Panleucopenia felina
5.5 Peritonite infecciosa felina
5.6 Síndrome urológica felina
6 Raças
6.1 Raças mais comuns
7 Gatos Ferais
8 Mitologia e cultura popular
8.1 As várias vidas dos gatos
8.2 Gato preto
8.3 Os gatos e a sociedade humana
9 Referências
10 Ver também
11 Ligações externas
Taxonomia
O gato doméstico foi denominado Felis catus por Carolus Linnaeus na sua obra Systema Naturae, de 1758[12]. Johann Christian Daniel von Schreber chamou o gato selvagem de Felis silvestris, em 1775. De acordo com critérios filogenéticos, os gatos caseiros são considerados uma das subespécies do gato selvagem. Não é incomum, aliás, o cruzamento entre gatos domésticos e selvagens, formando espécimes híbridos.[13]
Pelas regras de prioridade do Código Internacional de Nomenclatura Zoológica, o nome da espécie deveria ser Felis catus. No entanto, na prática, a maioria dos biólogos utilizam Felis silvestris para as espécies selvagens e Felis catus somente para as formas domesticadas. Na opinião n.º 2027, publicada no Volume 60 (Parte I) do Bulletin of Zoological Nomenclature (31 de março de 2003),[14] a Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica confirmou a utilização de Felis silvestris para denominar o gato selvagem e Felis silvestris catus para as subespécies domesticadas. Felis catus segue sendo válido para a forma domesticada, se esta for considerada uma espécie separada.[15]
Johann Christian Polycarp Erxleben denominou o gato doméstico de Felis domesticus em suas obras Anfangsgründe der Naturlehre e Systema regni animalis, de 1777. Este nome e as suas variantes Felis catus domesticus e Felis silvestris domesticus não são nomes científicos válidos segundo as regras do Código Internacional de Nomenclatura Zoológica.
História e domesticação
Ver artigo principal: História do gato doméstico
Pré-domesticação
Os gatos domésticos são membros da família Felidae, a qual apresentava um ancestral em comum a cerca de 10 ou 15 milhões de anos.[16]
O gênero Felis, ao qual pertencem os gatos, divergiu geneticamente dos Felidae há 6 ou 7 milhões de anos.[17] Este gênero inclui diversas espécies de gatos selvagens, incluindo o Felis silvestris e o Felis silvestris lybica, entre outros.[18] Pesquisas confirmam que os gatos têm ancestralidade ligada a esses animais e provavelmente se desenvolveram em função de seleções artificiais empreendidas por antigas sociedades humanas.[19][20][21]
Domesticação e difusão mundial
Os gatos domésticos atuais são uma adaptação evolutiva dos gatos selvagens. Cruzamentos entre diferentes espécimes os tornaram menores e menos agressivos aos humanos.[22] Os gatos foram domesticados primeiramente no Oriente Médio nas primeiras vilas agriculturais do Crescente Fértil.[23][24] Os sinais mais antigos de associação entre homens e gatos datam de 9 500 anos atrás e foram encontrados na ilha de Chipre.[24]
Quando as populações humanas deixaram de ser nômades, a vida das pessoas passou a depender substancialmente da agricultura. A produção e armazenamento de cereais, porém, acabou por atrair roedores. Foi neste momento que os gatos vieram a fazer parte do cotidiano do ser humano.[7] Por possuírem um forte instinto caçador, esses animais espontaneamente passaram a viver nas cidades e exerciam uma importante função na sociedade: eliminar os ratos e camundongos, que invadiam os silos de cereais e outros lugares onde eram armazenados os alimentos.[23][24]
Registros encontrados no Egito, como gravuras, pinturas e estátuas de gatos, indicam que a relação desse animal com os egípcios data de pelo menos 5 000 anos.[25] Elementos encontradas em escavações indicam que, nessa época, os gatos eram venerados e considerados animais sagrados.[26]Bastet (Bast ou Fastet), a deusa da fertilidade e da felicidade, considerada benfeitora e protetora do homem, era representada na forma de uma mulher com a cabeça de um gato e frequentemente figurava acompanhada de vários outros gatos em seu entorno.[27][28]
Na verdade, o amor dos egípcios por esse animal era tão intenso que havia leis proibindo que os gatos fossem "exportados".[29] Qualquer viajante que fosse encontrado traficando um gato era punido com a pena de morte. Quem matasse um gato era punido da mesma forma e, em caso de morte natural do animal, seus donos deveriam usar trajes de luto.[30]
Contudo, não tardou para que alguns animais fossem clandestinamente transportados para outros territórios,[31] fazendo com que a popularidade dos gatos aumentasse. Ao chegarem à Pérsia antiga, também passaram a ser venerados. Ali havia a crença de que, quando maltratados, corria-se o risco de estar maltratando um espírito amigo, criado especialmente para fazer companhia ao homem durante sua passagem na Terra. Desse modo, ao prejudicar um gato, o homem estaria atingindo a si próprio.[27]
Devido ao fato de serem exímios caçadores e auxiliarem no controle de pragas, por muitos séculos os gatos tiveram uma posição privilegiada na Europa cristã. Porém, no início da Idade Média, a situação mudou: gatos foram acusados de estarem associados a maus espíritos e, por isso, muitas vezes foram queimados juntamente com as pessoas acusadas de bruxaria.[32] Até hoje, ainda existe o preconceito de que as bruxas têm um gato preto de estimação, sendo esse animal associado aos mais diversos tipos de sortilégios; dependendo da região, porém, podem ser considerados animais que trazem boa sorte. É muito comum ouvir histórias de sorte e azar associadas aos animais dessa cor.[33]
Ao fim da Idade Média, a aceitação dos gatos nas residências teve um novo impulso, fenômeno que também se estendeu às embarcações, onde os navegadores os mantinham como mascotes. Conhecidos como gatos de navios, esses animais assumiam também a função de controlar a população de roedores a bordo da embarcação.[32] Com o passar do tempo, muitos gatos passaram a ser considerados animais de luxo, ganhando uma boa posição do ponto de vista social, sendo até utilizados como "acessórios" em eventos sociais pelas damas. Nessa época, o gato começou a passar por melhoramentos genéticos para exibição em exposições, dando origem a criação de raças puras, com pedigree. Uma das primeiras raças criadas para essa finalidade foi a persa, que ficou conhecida após sua introdução no continente europeu, realizada pelo viajante italiano Pietro Della Valle.[34]
A primeira grande exposição de gatos aconteceu em 1871, na cidade de Londres, Reino Unido. A partir desse momento, o interesse em se expor gatos desenvolvidos dentro de certos padrões propagou-se por toda a Europa.[13]
Atualmente, os gatos são animais bastante populares, servindo ao homem como um bom animal de companhia. Não obstante, ainda continuam sendo bastante utilizados por agricultores e navegadores de diversos países como um meio barato de se controlar a população de determinados roedores.
Devido ao fato de sua domesticação ser relativamente recente, quando necessário convertem-se facilmente à vida selvagem, passando a viver em ambientes silvestres, onde formam pequenas colônias e caçam em conjunto. Esses animais recebem o nome de gatos ferais[13][35].
Características
Os gatos geralmente pesam entre 2,5 e 7 kg; entretanto, exemplares de algumas raças, como o Maine Coon, podem exceder os 12 kg. Já foram até mesmo registrados exemplares com peso superior a 20 kg, aspecto que normalmente ocorre devido ao excesso de alimentação.[36]
Em cativeiro, os gatos vivem tipicamente de 15 a 20 anos, porém o exemplar mais velho já registado viveu até a idade de 38 anos.[37][38] Os gatos domésticos têm a expectativa de vida aumentada quando não saem pelas ruas, pois isso reduz o risco de ferimentos ocasionados por brigas e acidentes. A castração também aumenta significativamente a expectativa de vida desses animais, uma vez que reduz o interesse do animal por fugas noturnas e também o risco de incidência de câncer de testículos e ovários.[39]
Gatos selvagens que vivem em ambientes urbanos têm expectativa de vida reduzida. Gatos selvagens mantidos em colônias tendem a viver muito mais. O Fundo Britânico de Ação para Gatos (British Cat Action Trust[40]) relatou a existência de uma gata de rua com cerca de 19 anos de idade.[41]
Os gatos possuem trinta e dois músculos na orelha, o que lhes permite ter um tipo de audição direcional, movendo cada orelha independentemente da outra. Assim, um gato pode mover o corpo numa direção, enquanto move as orelhas para outro lado.[42] A maioria dos gatos possui pavilhões auditivos orientados para cima. Diferentemente dos cães, gatos com orelhas dobradiças são extremamente raros. Os Scottish Folds são uma das exceções a essa regra, devido a uma série de mutações genéticas. Quando irritados ou assustados, os gatos repuxam os músculos das orelhas, o que faz com que elas se inclinem para trás.
O método de conservação de energia dos gatos compreende dormir acima da média da maioria dos animais, sobretudo à medida que envelhecem. A duração do período de sono varia entre 12–16 horas, sendo de 13–14 horas o valor médio. Alguns espécimes, contudo, podem chegar a dormir 20 horas num período de 24 horas.[39]
A temperatura normal do corpo desses animais varia entre 38 e 39 °C. O animal é considerado febril quando tem a temperatura superior a 39,5 °C, e hipotérmico quando está abaixo de 37,5 °C. Comparativamente, os seres humanos têm temperatura normal em torno de 37 °C. A pulsação do coração desses pequenos mamíferos vai de 140 a 220 batidas por minuto e depende muito do estado de excitação do animal. Em repouso, a média da frequência cardíaca fica entre 150 e 180 bpm.[42]
Um adágio popular diz que os gatos caem sempre de pé. Durante a queda, o gato consegue, por instinto, girar o corpo e prepará-lo para aterrar em pé graças ao sentido agudo de equilíbrio e flexibilidade. Um gato precisa de aproximadamente 90 centímetros para se virar. Mesmo os gatos sem cauda como grande parte dos indivíduos da subespécie Gato manês da Ilha de Man têm esta habilidade, pois o gato usa principalmente as patas traseiras e depende da conservação do momento angular para endireitar o corpo.[43]
Assim como a maioria das espécies de mamíferos, os gatos são capazes de nadar. No entanto, somente o fazem quando extremamente necessário, como em caso de queda acidental na água.[44]
Assim como os cães, os gatos são digitígrados: andam diretamente sobre os dedos; os ossos das suas patas compõem a parte mais baixa da porção visível das pernas. São capazes de passos precisos, colocando cada pata directamente sobre a pegada deixada pela anterior, minimizando o ruído e os trilhos visíveis.[42]
Alimentação
Em situações de caça, os gatos alimentam-se de insetos, pequenas aves e roedores. Os gatos não-domesticados, abandonados e sem dono, ou gatos domesticados que se alimentem livremente, consomem entre 8 a 16 refeições por dia. Apesar disso, os animais adultos podem adaptar-se a apenas uma refeição por dia.[45] Biologicamente, os gatos são classificados como animais carnívoros, tendo a sua fisiologia orientada para a eficiência no processamento de carne, com consequente ausência de processos eficientes para a digestão de vegetais.
Os gatos não produzem a sua própria taurina, que consiste em um ácido orgânico essencial para a vida dos mamíferos. Como essa substância está presente no tecido muscular dos animais, o gato precisa se alimentar de carne para sobreviver. Assim, os gatos apresentam dentição e aparelho digestivo especializado para processamento de carne. O intestino diminuiu de extensão ao longo da evolução para ficar apenas com os segmentos que melhor processam as proteínas e gorduras de origem animal.[46] O aparelho digestivo limita seriamente a capacidade dos gatos de digerir, metabolizar e absorver nutrientes de origem vegetal, bem como certos ácidos graxos.
A taurina é rara em plantas, mas relativamente abundante nos tecidos dos animais, sendo um aminoácido de grande importância para a saúde dos olhos dos gatos, de modo que a deficiência dessa substância pode causar uma degeneração macular, na qual a retina sofre destruição lenta e gradual, podendo causar uma cegueira irreversível no animal. Por este motivo, a maior parte das rações industrializadas específicas para gatos são enriquecidas com acréscimo de taurina.
Apesar da fisiologia do gato ser essencialmente orientada para o consumo de carne, é comum que os gatos complementem a sua dieta carnívora com a ingestão de pequenas quantidades de ervas, folhas, plantas domésticas ou outros elementos de origem vegetal. Uma teoria sugere que este comportamento ajuda os gatos a regurgitar em caso de difícil digestão; outra teoria aponta que ingerir pequenas doses de vegetais fornece fibras e minerais diversos, não presentes em uma dieta exclusivamente carnívora. Neste contexto, é necessária prudência aos donos dos gatos porque algumas plantas podem ser venenosas para os animais.[47] As folhas de algumas espécies de lírios podem causar dano nos rins, que pode mesmo ser fatal; também as plantas do género Philodendron são venenosas para os gatos.[48] Outro exemplo é o do abacateiro, do qual algumas partes são tóxicas, mas cujo fruto (exceto o caroço) é um ingrediente em várias marcas de comida para gatos.[49]
Os gatos são bastante seletivos em sua alimentação, o que pode ser decorrente, pelo menos em parte, da mutação que causou à espécie a perda da capacidade de detectar o sabor doce nos alimentos. Apesar de exigentes, precisam alimentar-se constantemente, pois, de modo geral, não toleram mais de 36 horas de jejum sem que os seus rins sofram algum risco de dano.[50]
O gato exibe alguma preferência pela planta designada por nepeta, popularmente conhecida como erva-dos-gatos, ou catnip. Muitos gatos gostam de comer esta planta, que tem efeitos diversos no seu comportamento, enquanto outros apenas rastejam sobre esse vegetal e brincam com suas folhas e flores.[51]
Os gatos também podem sofrer de distúrbios alimentares diversos. Alguns contraem uma doença chamada pica,[52] que consiste em um transtorno que os impele a mastigar objetos alheios a sua dieta, tais como terra, plástico, papel, lã, carvão e outros materiais, o que pode ser perigoso para a sua própria sobrevivência, dependendo da toxicidade desses materiais.[47]
O meio de alimentação mais recomendado para os gatos domésticos é o consumo livre, ou seja, deve-se procurar deixar o alimento à vontade para o animal ao longo do dia. Essa prática tem a vantagem de diminuir o pH da urina, evitando, desse modo, a formação de cálculos renais. No entanto, alguns veterinários costumam recomendar que o dono controle a quantidade de alimento ingerida, oferecendo ao gato porções limitadas, visando evitar que o animal fique com sobrepeso.[53]
O instinto para caçar é muito forte no gato. Mesmo sendo bem alimentado, pode tentar caçar algum pequeno animal, seja para comer ou por desporto.
Quando domesticados, é recomendado dar ração seca e húmida. Como são animais de deserto, costumam beber pouca água, a ração húmida permite-lhes ingerir água, sem a beber. A seca pode ser mais conveniente, mas obriga o animal a ingerir mais água, por outro lado, ração seca costuma ter cereais, o que não é muito natural para o gato.
Comportamento
O temperamento dos filhotes varia conforme a ninhada e a socialização. Os gatos de pelo curto tendem a ser mais magros e fisicamente mais ativos, enquanto os gatos de pelo comprido tendem a ser mais pesados e letárgicos. Entretanto, a maioria dos gatos partilha um mesmo comportamento: são extremamente curiosos. Não é por acaso que existe um dito popular que diz "A curiosidade matou o gato". Quando abandonados em áreas remotas, distante da sociedade humana, filhotes de gatos podem converter-se ao meio de vida selvagem, passando a caçar pequenos animais para sobreviver.[54] A expectativa de vida de um gato de rua é de apenas três anos. Já um gato que seja cuidado por humanos pode superar os 20 anos de idade.[55] O gato no estado selvagem é um animal muito social, chegando a estabelecer colônias mais ou menos hierarquizadas, podendo formar colônias como a dos leões. Possui um instinto natural de caça. Mesmo quando domesticados, os machos tendem a marcar o seu território com urina. Os gatos possuem um cérebro bastante evoluído, sendo capazes de sentir emoções. Podem sofrer diversos distúrbios psicológicos, tais como estresse e depressão. Assim como um ser humano, quando estressados, tendem a ter um comportamento neurótico.[39]
Esses animais costumam copular somente quando a fêmea entra no cio. Este pode ocorrer várias vezes ao longo de um ano e dura aproximadamente uma semana. O macho procura cercar a fêmea, que normalmente tenta resistir ao máximo à cópula. Se o macho é hábil, ele conseguirá mordê-la na parte posterior do pescoço, imobilizando-a. Até conseguir isso, é comum que os dois soltem miados altos, diferentes do miado usual. A penetração é dolorosa. A cópula estimula o início do processo de ovulação das fêmeas: elas têm sensores nervosos que, com a dor, ativam o processo. Desse modo, poucos óvulos são perdidos.[42]
Sua velhice ocorre de forma abrupta, não sendo gradual como a humana. Dura aproximadamente um ano e finda com a morte. É possível que o gato tenha doenças típicas da idade avançada, como catarata e perda olfativa. Nesta fase, o animal geralmente dorme durante todo o dia, mostrando extremo cansaço e fraqueza muscular.[56]
As fêmeas apresentam um temperamento variável: podem simular ignorar seu dono, dar atenção a ele ou ronronar. O comportamento dos gatos depende de cada indivíduo, do momento do dia e até mesmo das condições climáticas. Enquanto um felino pode ser muito sociável, o outro pode ser completamente arisco. Alguns gatos ficam agitados e aversos ao contato com humanos à noite. Ainda é possível observar que alguns desses animais ficam agitados quando uma tempestade está por vir, outros adotam uma posição defensiva, em que ficam deitados com as patas recolhidas, aguardando o início da chuva. Em algumas ocasiões, um gato filhote pode apresentar variações de energia, ficando algumas vezes mais calmo, outras mais agitado. Gatos adultos mantêm-se calmos por mais tempo que gatos pequenos, por serem maiores e mais pesados.[13]
Higiene
Os gatos são animais muito higiênicos, sendo que passam muitas horas por dia cuidando da limpeza de seus pelos. Para isso, utilizam a superfície áspera de suas línguas para remover partículas de pó e sujeira. Devido ao modo que tratam da sua higiene, lambendo-se e ingerindo muito pelos, os gatos eventualmente regurgitam esse material na forma de pequenas bolas contendo suco gástrico e material piloso.[57]
Outro aspecto característico da higiene desses felinos é o fato dele enterrar a sua urina e fezes, evitando assim que o cheiro denuncie sua presença a uma possível presa ou predador. Com isso, quando o gato é criado em locais sem a presença de solo exposto, há a necessidade de se manter uma caixa com areia sanitária à sua disposição, sendo que instintivamente ele irá utilizá-la para o descarte de seus resíduos fisiológicos. Alguns fabricantes disponibilizam areias perfumadas para eliminar o cheiro forte que suas fezes poderiam deixar em um ambiente fechado (casas e apartamentos).[58] No entanto, o que pode ser bom para humanos não é para o animal. Absorvente sem perfume e natural é o mais recomendado.
Ciclo biológico
Reprodução
O gato apresenta vários ciclos reprodutivos ao longo do ano, que podem durar de 4 a 7 dias. Durante esse período, as gatas miam mais frequentemente e vários gatos podem lutar por uma mesma fêmea no cio; o vencedor ganha o direito de copular. Ainda que a fêmea, a princípio, rechace a relação sexual, ela acaba aceitando o macho. Depois da cópula, a fêmea se limpa e pode ficar muito violenta até que termine todo o ato do acasalamento, uma vez que o ciclo se repita. As gatas podem ter cada óvulo fecundado por um macho diferente, tendo assim, na mesma ninhada, filhotes de pais diferentes.[47]
As gatas alcançam a maturidade sexual entre 4 a 10 meses de idade, e os gatos entre 5 a 7 meses após o nascimento. A gestação dura de 63 a 65 dias, aproximadamente e pode gerar de um a oito filhotes.[47] Os recém-nascidos devem manter-se com a mãe por 60 dias, já que então o gatinho já terá recebido os nutrientes necessários. Separá-los antes desse período seria um erro, devido à possibilidade de que eles morram por falta de alimentação adequada. Pode-se esterilizar os gatos, procedimento normalmente realizado em machos antes que eles comecem a marcar território; isto deve evitar que eles perpetuem esse comportamento ao longo de suas vidas.[42]
Características genéticas
O gato apresenta 38 cromossomos e são conhecidas cerca de 200 patologias associadas, muitas delas comuns aos seres humanos. O projeto "Genoma do Gato", do Laboratory of Genomic Diversity, pretende descobrir seu genoma.[59]
Existe uma crença de que os gatos brancos de olhos azuis são surdos, a não ser que tenham um olho de cada cor, característica conhecida por heterocromia, cujos portadores são denominados gatos de olhos ímpar. Isto está certo em parte, já que há uma maior probabilidade de gatos com essas características físicas serem também surdos, mas este fato não é determinante.[13]
A cor branca do gato se deve à ausência de melanina em sua pele e pelos. Há quatro modos de um gato ser da coloração branca "sólida": ser homozigótico para o alelo ca (albino de olhos azuis); ser homozigótico para o alelo c (que é albino de olhos vermelhos); ser homozigótico para o alelo S (mancha branca); ou possuir o alelo w (do gene branco dominante) no seu cariótipo.
O gene da surdez é próprio dos gatos brancos, chama-se alelo w, e é o causador da coloração branca e da surdez nos gatos. Nem todos os gatos brancos são surdos, só o são os que apresentam o tal gene. O gene w faz com que o gato seja branco, ainda que seus genes digam que ele é um gato escuro; este gene tem a peculiaridade de "mascarar" o resto das colorações para fazê-los brancos.[42] Além disso, estes gatos só tem os olhos azuis ou verdes. Outra característica genética é o fato de, em alguns animais, os dentes caninos da mandíbula superior serem proeminentes, semelhantemente ao observado nos fósseis do tigre-dentes-de-sabre.[13]
Pelagem
Em respeito às cores, os gatos podem ter uma única coloração, como os completamente brancos ou pretos, que só tem pelos contrastantes soltos em algumas partes do corpo. Também podem ter duas cores, como o branco e preto, branco e amarelo, pardo e branco, ou cinza e branco. Podem possuir um padrão de cores tigrado em laranja, pardo e branco; em tons cinza e alaranjados (gatos romanos), com o pelo de uma só cor em toda a sua extensão ou de dois tipos de cores (as extremidades diferentes do resto do corpo). Também podem ter um padrão de cor siamês com cores mais escuras na face, rabo, patas e orelhas. Outro tipo de coloração é a tricolor, como, por exemplo, branco, laranja e preto. As gatas costumam ter os pelos mais lustrosos e brilhantes do que os machos, em contra partida elas costumam soltar mais pelos do que os gatos, principalmente nos períodos do início do cio. Os gatos tricolores ou de até quatro cores são normalmente fêmeas; quando são machos, são estéreis. Em contrapartida, os gatos romanos laranjas são em sua maioria machos, porém é possível deparar-se com fêmeas. O tipo de pelo vai desde o muito curto (como o Sphynx, cujo pelo é quase invisível), o encaracolado (no caso do Devon rex), o pelo curto normal com uma cor somente ou com pontas de outras cor, o pelo semi-longo, até o pelo mais longo procedentes das cruzas com o Bosque da Noruega, persa ou qualquer outra raça de pelo longo.[60]
Sentidos
Seus sentidos do olfato e audição são superiores em muitos aspectos aos dos seres humanos. Estes, juntamente com receptores avançados visão, paladar e tato, fazer um dos mamíferos com um sistema sensorial mais sofisticado.
Visão
Medir e classificar os sentidos dos animais pode ser difícil, principalmente por que não existem meios explícitos de comunicação entre o objeto do teste e o examinador. Entretanto, testes indicam que a visão aguçada dos gatos é largamente superior no período noturno em comparação aos humanos, mas menos eficaz durante o dia. Os olhos dos gatos possuem o tapetum lucidum, uma membrana posicionada dentro do globo ocular que reestimula a retina ao refletir a luz na cavidade.[61] Enquanto este artifício melhora a visão noturna, parece reduzir a acuidade visual na presença de luz abundante. Quando há muita luminosidade, a pupila em formato de fenda fecha-se o máximo possível, para reduzir a quantidade de luz a atingir a retina, o que também resguarda a noção de profundidade. O tapetum e outros mecanismos dão aos gatos um limiar de detecção de luminosidade sete vezes menor que a dos humanos.[62]
Os gatos têm, em média, campo visual com abertura estimada em 210°, dos quais 120° são binoculares, contra 180° dos humanos,[63][64] com sobreposição binocular mais estreita que a dos humanos.[65] Como em muitos predadores, os olhos ficam posicionados na parte frontal da cabeça do animal, ampliando a noção de profundidade em detrimento da largura do campo de visão. Tal como o olho humano, o olho do gato pode ser enganado por truques de perspectiva.[64]
O campo de visão depende principalmente do posicionamento dos olhos estruturalmente semelhantes aos humanos, mas também pode estar relacionada com a construção dos olhos. Ao invés da fóvea, que dá aos humanos excelente visão central, os gatos têm uma faixa central marcando a intersecção binocular. Aparentemente, os gatos conseguem diferenciar cores, especialmente à curta distância, mas sem sutileza apreciável, em termos humanos, já que estas não são interpretadas da mesma forma - a menos que o animal seja devidamente treinado para desenvolver tal percepção.[66] Os gatos também possuem uma terceira membrana protetora dos olhos, a membrana de nictação, que é o ato de fechar os olhos instintivamente na presença de luz intensa.[67] Essa membrana fecha parcialmente quando o animal está doente. Se o gato mostra frequentemente essa terceira pálpebra, é um indicativo de doença.[56]
Os gatos não conseguem ver a menos de 20 cm de distância, daí levarem a boca à comida, confiando no olfato.[68] Seu ponto cego é logo abaixo do nariz.
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Audição
Os seres humanos e os gatos têm limites similares de audição em baixa frequência, que devem rondar os 20 Hz. Já na escala de alta frequência, os gatos têm ampla vantagem, alcançando os 60 kHz, superando até mesmo os cães. Os gatos podem ouvir até duas oitavas acima dos humanos (20 kHz) e meia oitava além dos cães. Quando detectam um som, as orelhas do gato imediatamente voltam-se para o ruído. Os gatos podem precisar com margem de erro de 7,5 cm a localização de uma fonte sonora a um metro de distância.[61]
Trinta e dois músculos individuais na orelha os permitem ouvir direcionalmente. Os gatos podem mover uma orelha independentemente da outra. Diferentemente dos humanos, os gatos têm sua orelha coberta interna e externamente por pelos. Quando está enojado ou atemorizado, o gato instintivamente abaixa as orelhas para trás da cabeça, cobrindo seus canais auditivos. Juntamente com esta ação, arrepia seus pêlos, coloca as garras para fora e emite um som ameaçador com a boca, deixando os dentes à mostra.[70]
Tato
Os gatos geralmente apresentam uma dúzia de vibrissas, dispostas em quatro fileiras sobre os lábios superiores, as vibrissas dessa região em particular são comumente chamadas coletivamente de bigode, alguns nas bochechas, tufos sobre os olhos e no queixo. Os Sphynx - gatos quase sem pelos - podem ter bigodes normais, curtos ou nem sequer apresentá-los. Os bigodes auxiliam na navegação e tato. Podem detectar pequenas variações nas correntes de ar, possibilitando ao gato descobrir obstruções sem vê-las, facilitando o deslocamento na penumbra. As fileiras mais elevadas dos bigodes movem-se independentemente das inferiores para medições ainda mais precisas.[62]
Especula-se que os gatos podem preferir guiar-se pelos bigodes especializados que dilatar as pupilas na totalidade, o que reduz a habilidade de focar objetos próximos. Esses pelos também alcançam aproximadamente a mesma largura do corpo do bicho, permitindo-o julgar se cabe em determinados espaços.[62]
O posicionamento dos bigodes é um bom indicador do humor do felino: apontados para frente, indicam curiosidade e tranquilidade; colados ao rosto, indicam que o gato assumiu uma postura defensiva e agressiva. Recentes estudos de fotografias infravermelhas de gatos caçando demonstram que eles também utilizam seus bigodes para determinar se a presa mordida já está morta. Observa-se nas fotos que, ao aplicar a mordida fatal à vítima e posteriormente a manter apertada entre as mandíbulas, seus bigodes "abraçam" ou rodeiam completamente o corpo da presa para detectar uma possível mínima vibração como sinal de que a caça ainda possa estar com vida. Crê-se que este fenômeno é usado para proteger o próprio corpo do felino, porque muitas de suas vítimas, como os ratos, ainda podem mordê-lo e/ou lesioná-lo, se o predador as leva à boca quando ainda estão com vida.[71]
Paladar
Uma curiosidade sobre o paladar dos gatos é que, de acordo com a edição norte-americana da National Geographic (de 8 de dezembro de 2005), eles não são capazes de saborear o doce, por falta de receptores desse tipo. Alguns cientistas acreditam que isso se deve à dieta dos gatos incluir quase que exclusivamente alimentos ricos em proteínas, embora seja incerto se essa é a causa ou o resultado dessa falta de células adaptadas.[56]
Entretanto, através da observação de gatos domésticos, percebe-se que, uma vez que sejam oferecidos doces, eles parecem gostar, embora não seja saudável deixá-los comer tais guloseimas, pois podem causar excessiva fermentação dentro do aparelho digestivo, gerando gases e cólicas desconfortáveis no animal.[72] Ainda que não reconheçam o gosto doce, esses animais apresentam grande sensibilidade aos sabores ácidos, salgados e amargos, o que os torna animais muito exigentes quanto ao paladar dos alimentos que lhes são oferecidos, podendo recusar a refeição fornecida, caso notem algo de errado ou diferente em seu sabor.[73]
Olfato
O olfato é fundamental para que o gato conheça o meio ambiente.[74] Um gato doméstico possui o olfato 14 vezes mais potente[75] e duas vezes mais células receptoras que os humanos, portando 19 milhões de terminações nervosas ligadas ao cheiro, portanto, podendo sentir odores dos quais um ser humano nem sequer registra ou reconhece. Além disso, os gatos possuem um órgão sensorial no céu da boca chamado vomeronasal ou órgão de Jacobson, que atua como um órgão olfatorial auxiliar. Esta estrutura é constituída de uma pequena bolsa revestida por células receptoras, similiares às da região nasal. Quando o gato franze a face, baixando a mandíbula e expondo parte da língua, está abrindo a passagem de ar para o vomeronasal. Esse olfato apurado faz com que os gatos tenham um paladar também muito apurado, o que os torna extremamente exigentes em relação à comida, de modo que raramente aceitem restos da alimentação dos humanos.[61]
Envelhecimento
Ainda que apresentem poucos sinais externos decorrentes do envelhecimento, com o avanço da idade, os gatos apresentam mudanças fisiológicas significativas que afetam seu metabolismo, tornando-os mais suscetíveis e vulneráveis aos ataques de diversas doenças, como problemas na pele, olhos, ouvidos, olfato e paladar.[47][72][73] Podem também apresentar fragilidade nos ossos e desenvolver tumores e cânceres. Normalmente, os indivíduos mais idosos apresentam letargia, diminuição do apetite e emagrecimento, culminando na insuficiência de órgãos vitais como rins, fígado e coração, o que pode levar o animal ao óbito.[47][76]
Os gatos que vivem sob cuidados de humanos podem viver mais de 20 anos. Para que atinjam tal idade, é recomendado que a partir dos oito anos de idade esses animais sejam submetidos a um tratamento diferenciado, envolvendo alimentação diferenciada, consultas veterinárias e exames de saúde regulares.[77] Cuidados gerais devem ser intensificados nessa fase, sobretudo o asseio com os dentes, que devem ser limpos e inspecionados semanalmente. Os olhos e ouvidos também devem ser focos de cuidados especiais, pois esses órgãos vão, aos poucos, tornando-se menos eficazes. Se o gato estiver com a sua visão prejudicada, deve-se evitar a mudança da localização dos seus pertences, como cama, caixa de areia e vasilhas de água e comida, pois o animal poderá continuar utilizando esses itens, desde que esteja acostumado ao local onde normalmente estão instalados. Quanto à alimentação, deve-se estimular um aumento no número de refeições, pois o gato passará a ter menos apetite e, consequentemente, comer em menores porções. Fabricantes de rações disponibilizam produtos especialmente voltados à gatos idosos, os quais apresentam teores de nutrientes diferenciados, adaptando-se às necessidades dos animais dessa faixa etária.[47]
Devido a redução na quantidade de alimentos ingeridos e às mudanças fisiológicas decorrentes da idade mais avançada, o nível de energia disponível diminuirá e o animal não terá mais tanta disposição para brincadeiras. No entanto, sabe-se que gatos idosos apreciam a companhia dos humanos, devendo ser tratados com a mesma alegria, dedicação e carinho dispensados em sua fase juvenil.[47]
Comunicação
Ver artigo principal: Inteligência em gatos
Os gatos conseguem comunicar-se de forma bastante eficaz, seja com humanos ou com outros seres de sua espécie. Estudos da inteligência em gatos têm demonstrado que tais animais são dotados de um aparato cognitivo capaz de lhes propiciar diversas ações, que podem ser compreendidas como sinais de inteligência.[78] O cérebro destes animais apresenta estruturas complexas que possibilita-lhes desenvolver uma espécie de linguagem, comunicando-se por meio de miados, ronronares, bufos, gritos e linguagens corporais.
A avançada estrutura do cérebro faz com que esses felinos sejam frequentemente utilizados como animais experimentais, tendo em vista que esse órgão apresenta estrutura muito similar àquela observada no cérebro humano. Pesquisas indicam que, tanto no homem quanto no gato, o mesmo setor cerebral é o responsável pela existência de diferentes emoções.[79]
Miado
Ver artigo principal: Miado
O miado é o som típico que caracteriza o gato. É transcrito onomatopeicamente como "miau" em português (em diversas outras línguas apresenta grafia semelhante, como "meow", "miaow", "maw", etc.) O miado é uma forma que os gatos criaram para comunicar com humanos. Em estado selvagem, gatos raramente miam, usando marcas odoríferas e arranhões para marcar território e avisar outros gatos de que estiveram ali.[80]
Diferentemente do ronronar, o miado possui um som mais agudo e audível a uma grande distância. A pronúncia desta chamada varia significativamente, dependendo de seu propósito. Usualmente, o gato vocaliza indicando sofrimento, solicitando atenção humana (por exemplo, para ser alimentado), ou como uma saudação. Alguns vocalizam excessivamente, enquanto que outros raramente miam. Dependendo da raça, são capazes de emitir cerca de 100 tipos de vocalizações diferentes,[80] incluindo sons que se assemelham à linguagem humana. Os machos possuem vocalização mais forte e grave que as fêmeas e a espécie doméstica costuma miar muito mais do que a selvagem, já que é a principal forma que eles têm de chamar a atenção de seus donos.[81]
Ronrono
Ver artigo principal: Ronrom
O gato geralmente ronrona quando se encontra em um estado de calma, prazer ou satisfação. Entretanto, pode ronronar quando está se sentindo angustiado, aflito ou com dor. Ronrona na presença de outros gatos ou, se ainda filhotes, na presença da mãe - por exemplo. Existem muitas teorias que explicam a origem deste som, incluindo vibração das falsas cordas vocais quando inspiram ou expiram, o som do sangue circulando pela artéria aorta, ressonância direta nos pulmões, entre outras. Atualmente, acredita-se que o ronronar é o resultado de impulsos rítmicos produzidos por sua laringe. Quando um gato emite o característico som de satisfação, é possível sentir sua garganta vibrar. Dentro da garganta, juntamente com as cordas vocais, o gato possui um par de estruturas chamadas pregas vestibulares. Alguns pesquisadores acreditam que essas pregas vibram quando o gato ronrona.[64]
No entanto, há quem diga que as pregas vestibulares nada têm a ver com a vibração da laringe, relacionada a esse ronronar.[82] A origem então estaria em um aumento momentâneo na turbulência do sangue no sistema circulatório do gato. Esta turbulência seria mais intensa quando o sangue é desviado para uma veia excepcionalmente larga, situada no peito do animal. Quando os músculos à volta desta veia se contraem, as vibrações provocadas pela turbulência são amplificadas pelo diafragma, antes de subirem pela traqueia e ressoarem na cavidade sinusoidal. Essa vibração faz com que o gato libere endorfina, causando uma sensação instantânea de bem-estar. É evidente que o ronronar exige pouca energia por parte do animal, uma vez que os felinos podem produzir tal som por vários minutos consecutivos.[82]
Outros sons
A maioria dos gatos bufa ou grunhe quando está em perigo. Alguns podem gorjear, quando observam uma presa ou expressando interesse a um objeto próximo. Quando esse som é dirigido a uma presa fora de alcance, não se sabe se é com a intenção de apresentar um barulho ameaçador, uma expressão de frustração ou para imitar o canto de uma ave (ou de uma presa da ave, como a cigarra). Recentemente, estudiosos do comportamento animal creem que este som é um "comportamento de ensaio", no qual o gato antecipa ou pratica como matar sua presa, já que o barulho usualmente acompanha um movimento da mandíbula similar ao que utilizam para matar a presa.[83]
Zoonoses
Como os demais mamíferos, os gatos são passíveis de contaminação por doenças causadas por vírus, fungos e bactérias. Estas doenças geralmente se manifestam por meio de sintomas como falta de apetite, apatia e outras alterações comportamentais. Poucas dessas doenças podem contaminar os seres humanos. No entanto, um grande número de pessoas são alérgicas a uma proteína produzida pelos felinos, apresentando sintomas no sistema respiratório quando entram em contato com fragmentos de pelos desses animais.[72]
Alergias
Alguns felinos podem desenvolver severas reações alérgicas quando submetidos a determinadas medicações, como, por exemplo, a ivermectina, que é tradicionalmente aplicada no controle de pequenos parasitas, como carrapatos, pulgas e piolhos. Em determinadas situações, essa substância pode ocasionar o inchaço do cérebro do felino, provocando fortes dores, perda de controle muscular, cegueira temporária, perda de apetite, retenção de urina e febre, chegando a levar o animal ao estado de coma. A forma de se combater alergias desse tipo é por meio da aplicação de antídotos contra ação do medicamento anteriormente ministrado.[84]
Reações alérgicas em humanos
Muitos humanos são alérgicos à glicoproteína Fel d 1, presente na saliva dos gatos e transmitida em contato com a pele ou com o pelo do animal. A glucoproteína Fel d1 pode gerar espirros, irritação das vias respiratórias e, em casos mais agudos, asma, rinite e outras reações alérgicas.
No dia 24 de setembro de 2006, a empresa biotecnológica Allerca anunciou o começo da criação dos primeiros gatos hipoalergênicos. Além disso, existem algumas raças de gatos que produzem pequenas quantidades da proteína responsável pela reação alérgica, não causando, deste modo, problemas às pessoas sensíveis.[85]
Toxoplasmose
Ver artigo principal: Toxoplasmose
A toxoplasmose é uma zoonose de distribuição mundial. Trata-se de uma doença infecciosa causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Ocorre em animais de estimação e de produção, incluindo suínos, caprinos, aves, animais silvestres, cães, gatos e a maioria dos vertebrados terrestres homeotérmicos (bovinos, suínos, cabras, etc). Usualmente, os gatos são responsabilizados pela transmissão direta da toxoplasmose aos humanos,[86] mas pesquisas atuais indicam que na maioria das vezes essa acusação é incorreta, tendo em vista que o Toxoplasma gondii, causador da doença, necessita de um período de incubação após ser expelido pelo organismo do animal, por meio das fezes. Deste modo, para que haja contaminação, é necessário que haja contato com as fezes secas do animal. Portanto, bastaria manter o gato em um ambiente higienizado, com limpeza diária de sua caixa de areia, para não haver preocupação em adquirir essa zoonose.[87]
A toxoplasmose pode ser perigosa especialmente para a mulher grávida, sendo uma possível causadora de má-formações fetais e surdez congênita. Os felinos desempenham um papel chave no ciclo desta enfermidade, sendo hospedeiro do parasita. O gato pode adquirir a doença ao se alimentar de algum pássaro ou rato infectado. Logo, os gatos envolvidos na transmissão são somente aqueles que têm possibilidade de caçar ratos (gatos silvestres ou de fazendas). Como os gatos doméstico são, normalmente, alimentados apenas com ração, esse risco é extremamente reduzido, bastando certificar-se de que o gato de estimação não tenha por hábito caçar animais. Destaca-se ainda que é improvável que um gato doméstico ingira os animais que caça, tendo em vista que a maioria trata a carcaça de suas vítimas como "troféus", não se alimentando delas. Quando contaminado, o felino excreta os oocistos ("ovos" do protozoário) nas suas fezes, e o humano pode ser infectado via oral ao não lavar as mãos corretamente depois de limpar a caixa de areia do animal, ou não lavar os vegetais que foram plantados em locais que contêm fezes de gatos, por exemplo. Mas a contaminação apenas é possível se esse contato ocorrer após o período de incubação desses ovos. Assim, boas condições de higiene tornam improvável algum tipo de infecção.[88]
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o principal contágio da toxoplasmose não é o contato com gatos domésticos, mas sim a ingestão de protozoários presentes na carne vermelha crua ou mal cozida, bem como em vegetais mal lavados e contaminados com dejetos de animais.[89]
Leucemia felina
Ver artigo principal: Leucemia felina
A leucemia felina, provocada por um vírus, é uma das doenças mais complexas que afeta os gatos. Diferentemente da versão humana da doença, é contagiosa, podendo ser transmitida de gato para gato por meio da saliva ou pelo contato com sangue contaminado. No entanto, não é transmitida aos seres humanos, tendo em vista que o agente causador somente sobrevive no organismo dos felinos.[72] A vacinação contra a leucemia confere proteção aos gatos em 95% dos casos. A castração reduz a possibilidade de contaminação, já que o animal tende a permanecer mais em casa e não ter contato com outros gatos.
A leucemia felina é uma doença desconhecida por muitos veterinários, que, ao não saber como tratá-la, recomendam o sacrifício do animal. Inicialmente, esta doença se manifesta pela perda parcial da defesa imunológica do gato portador. Porém, trata-se de uma doença degenerativa, cuja gravidade vai avançando ao mesmo tempo que reduz a expectativa de vida em alguns anos. Tratamentos podem abrandar os problemas, sobretudo se o gato viver em boas condições, uma vez que, devido à baixa imunidade, qualquer doença de menor gravidade pode ser altamente perigosa para o animal. Durante o estado crítico, o gato necessita de cuidados e boa alimentação, acompanhado por veterinários, e do uso do interferon. A leucemia felina "terminal" ocorre quando a doença atinge a medula óssea, anulando totalmente a produção de glóbulos brancos para a sua defesa; quando esta ocorre, o animal começa a ter a sua saúde deteriorada rapidamente e passa a sofrer fortes dores, de modo que o sacrifício é a única solução.[90]
Panleucopenia felina
Ver artigo principal: Panleucopenia felina
A panleucopenia felina é uma doença viral que acomete gatos domésticos e outros membros das famílias Felidae, Mustelidae, Viverridae e Procyonidae. O agente causador é um vírus classificado como parvovírus felino. Essa doença não é transmissível ao homem e nem a outros animais de estimação.[91] Trata-se de uma enfermidade altamente contagiosa aos felinos, caracterizada pelo aparecimento súbito de febre, falta de apetite, depressão, vômitos e diarreia, desidratação e leucopenia.[72]
O vírus da panleucopenia felina é um parvovírus pequeno pertencente à família Parvoviridae. Essa doença é considerada um dos distúrbios gastrointestinais mais mortais para os gatos, apresentando taxa de mortalidade de aproximadamente 80% dos indivíduos contaminados.[92] Os gatos que vivem soltos estão mais expostos à contaminação pelo vírus da doença. A vacinação é bastante eficaz, sendo a incidência de panleucopenia muito baixa nas populações de gatos que recebem as doses da vacina nos primeiros meses de idade.[93] Contudo, foram relatadas ocorrencias da panleucopenia transmitida pelo colostro e pelo leite.[94]
Os incubadores do vírus são os próprios gatos, sendo que a transmissão é feita mediante contato direto com os gatos contaminados e/ou doentes, através de alimentos ou água contaminada, pelo contato com fezes ou urina (que ocorre quando um animal sadio usa uma caixa de areia contaminada por um gato doente), contato com vômito, saliva, ou ectoparasitas como pulgas e carrapatos.[95]
Os indivíduos doentes passam por um tratamento de elevada complexidade. Os animais que conseguem sobreviver mais de uma semana, evitando-se a todo o custo a desidratação, têm possibilidade plena de se salvar. Contudo, isto ocorre apenas em 20% dos casos, indicando que a prevenção por meio da aplicação de vacinas ainda é a melhor forma de se evitar a ocorrência do problema.[95]
Peritonite infecciosa felina
Ver artigo principal: Peritonite Infecciosa Felina
A peritonite infecciosa felina, mais conhecida pelo acrônimo PIF, é uma síndrome viral contagiosa entre os felinos, que contamina o intestino, o fígado, os rins, o cérebro e e todo o sistema nervoso dos animais, levando à formação abcessos nos órgãos afetados.[96]
A peritonite infecciosa felina é transmitida por meio de contato com as fezes contaminadas, o que ocorre, sobretudo, quando diversos gatos dividem uma mesma liteira. Pode também ser transmitida aos filhotes de gatas doentes, por meio do leite. Contudo, trata-se de um vírus que ataca exclusivamente os felinos, não oferecendo assim risco de contágio aos seres humanos.[97]
Dentre os principais sintomas, estão a perda de apetite, emagrecimento rápido do animal, anemia, diarreia, febre constante, abdômen distendido, e inchaço nos gânglios linfáticos. Não há cura para a PIF, sendo que, após a contaminação, o gato vive por, no máximo, dois anos.[98] Ainda não há vacina eficaz contra essa doença. Normalmente, quando os sintomas se agravam, é praticada a eutanásia, visando minimizar o sofrimento, tendo em vista que as manifestações dos sintomas dessa doença, em sua fase terminal, causam dores intensas no animal.
Síndrome urológica felina
Ver artigo principal: Síndrome Urológica Felina
A síndrome urológica felina consiste num conjunto de problemas que surgem nos felinos com o avanço da idade. O animal afetado apresenta problemas inflamatórios no sistema urinário, dentre os quais destacam-se a cistite, uremia e formação de cálculos renais e na bexiga.[99]
O principal sintoma consiste na dificuldade e dor ao urinar; algumas vezes nota-se a presença de sangue na urina. As causas dessa doença estão ligadas à alimentação do animal, além de fatores genéticos que implicam uma predisposição à sua ocorrência. O tratamento consiste na aplicação de medicamentos contra as dores e a infecção, além de um rigoroso controle na dieta do animal. Deve ser oferecida água limpa em abundância e rações que não tenham acidificantes em sua formulação, ou apresentem elevados índices de magnésio.[100]
Com uma alimentação adequada, há uma considerável diminuição da probabilidade de formação de cálculos no sistema urinário. Existem no mercado diversas rações balanceadas para diferentes tipos de gatos, variando de acordo com diversos elementos, como a raça do animal, sua idade, sexo, se é castrado ou não. É até mesmo possível encontrar rações específicas para gatos portadores da síndrome urológica felina, capazes de reduzir o pH urinário e melhorar o funcionamento dos rins, auxiliando na dissolução dos cálculos existentes e prevenindo a formação de novas calcificações.[101]
Raças
Ver artigo principal: Lista de raças de gatos domésticos
Os gatos apresentam uma grande variedade de cores e padrões. As raças podem ser divididas em três categorias: pelo longo, pelo curto e pelo ralo. A pelagem pode ainda ser dividida em lisa ou ondulada, existindo variações intermediárias. A cor dos olhos também podem estar relacionadas a certas raças. Os gatos persas, por exemplo, costumam apresentar íris com a mesma coloração dos pelos. A maior parte das raças foram desenvolvidas recentemente, de modo a ressaltar determinadas características desejadas e inibir outras indesejadas. Por exemplo, enquanto um gato bengal possui pernas alongadas, um Munchkin jamais deve apresentar tal característica. Ou ainda, enquanto que caudas longas e exuberantes são imprescindíveis para a beleza dos persas e himalaios, não fazem parte do padrão existente para a raça Bobtail. Diferentes raças tendem a apresentar graus distintos de suscetibilidade a certas doenças. Os gatos do padrão Keltic Shorthair normalmente são mais resistentes a problemas de saúde, uma vez que tais animais derivam de gatos de rua. Nesse caso, a seleção natural faz com que apenas os animais mais adaptados sobrevivam e consigam passar seus genes adiante.[102]
Estima-se que, atualmente, existam mais de 250 diferentes raças de gatos domésticos.[103] Algumas delas surgiram naturalmente, a partir de cruzamentos entre gatos sem raça definida que portavam diferentes características. Outras foram desenvolvidas por meio de cruzamentos planejados por criadores, visando um aprimoramento genético, com a intenção de ressaltar determinadas feições dos animais. Segundo associações de criadores de felinos, como a Associação Internacional de Gatos (TICA), as raças de gatos mais comuns existentes na atualidade são as seguintes:[13][104][105]
Raças mais comuns
- Abissínio
Ver artigo principal: Gato abissínio
Os gatos abissínios possuem origem misteriosa, sendo mais provavelmente provenientes do Egito ou Etiópia.[106] Caracterizam-se pelo comportamento retraído e discreto, com miados baixos. O corpo é esguio e musculoso, o que lhes confere agilidade. Com isso, tornam-se felinos ativos, que precisam de muita atividade física. Costumam interagir com outros gatos, mesmo que pertençam a raças diferentes.[107]
- Angorá
Ver artigo principal: Gato angorá
Os gatos da raça Angorá surgiram na região de Ankara, na Turquia Central, e são conhecidos na Europa desde o início do século XVII. Os representantes desta raça são animais dóceis e amistosos. Curiosos, gostam de escalar até pontos elevados, de onde possam observar a movimentação.[107]
- Bengal
Ver artigo principal: Gato Bengal
O Bengal é uma raça recente, derivada de cruzamentos induzidos entre gatos domésticos e o leopardo-asiático (Prionailurus bengalensis). Tal cruzamento só foi possível devido ao fato do leopardo-asiático possuir o mesmo número de cromossomos do gato doméstico, o que tornou possível a realização de cruzamentos que originassem descendentes férteis. Esses animais apresentam tamanho médio a grande, com peso entre 5,5 a 9 kg. Possuem pelo curto, estrutura óssea bastante forte e uma cabeça relativamente grande, com contornos arredondados e ligeiramente comprida, lembrando o formato dos felinos selvagens.[107]
- Bobtail japonês
Ver artigo principal: Gato Bobtail Japonês
O Bobtail surgiu no Japão no século VII, país no qual é bastante popular e onde acredita-se que a existência um espécime tricolor desse animal traz sorte, felicidade e prosperidade. A principal característica do Bobtail, além da face triangular, é a pequena cauda, que mede entre oito e dez centímetros quando esticada. O gato sempre a mantém curvada, o que a deixa com a aparência de um rabo de coelho. É uma raça de porte elegante, com uma boa musculatura, porém esbelta. Suas pernas são esguias, sendo as posteriores ligeiramente maiores que as anteriores.[107]
- Bombay
Ver artigo principal: Gato Bombay
O Bombay é um gato originário dos Estados Unidos. Surgiu na década de 1960, por meio de cruzamentos entre diferentes gatos pretos de pelo curto americano. Esses gatos apresentam a pelagem completamente negra e curta, com textura aveludada, sem a presença de pontos brancos. Seu tamanho é médio, sendo o macho maior que fêmea. Os gatos dessa raça miam pouco, mas, em contrapartida, costumam ronronar intensamente. É sociável e necessita sempre de companhia, não adaptando-se bem à vida solitária.[107]
A história dessa raça começa quando a norte-americana Nikki Horner decidiu criar um gato que fosse a miniatura de uma pantera-negra.[108] Ela levou mais de 30 anos para criar esta nova raça. Seu ideal era um gato parecido com o birmanês, mas negro e com olhos cor de topázio. O Nome Bombaim foi escolhido pelo fato desta região ser uma das áreas naturalmente ocupadas pelas panteras negras[109].
- Chartreux
Ver artigo principal: Gato Chartreux
Os gatos Chartreux apresentam coloração cinza-azulada, com pelos curtos, densos e grossos. Os gatos desta raça são muito silenciosos, de modo que raramente miam. São muito ativos e necessitam de bastante espaço físico para correrem exercitarem-se. Quando privados de espaço, podem ficar irritadiços e demonstrar alguma agressividade. Originário da França, o Chartreux é um animal afetuoso e sociável. Possui um apurado instinto de caça e uma forte musculatura, que lhe dá condições para atacar rapidamente pequenas presas como pássaros e roedores.[107]
- Cornish Rex
Ver artigo principal: Gato Cornish Rex
O Cornish Rex é um gato de pelo curto e ligeiramente cacheado, originário da Inglaterra. Possui um aspecto rústico e é considerado um excelente animal de estimação, uma vez que convive muito bem com os humanos, mesmo no caso da presença constante de estranhos. É um animal de fácil tratamento, não exigindo cuidados muito complexos.[107]
- Himalaio
Ver artigo principal: Himalaio (gato)
O gato Himalaio foi criado por meio de cruzamentos consecutivos entre espécimes das raças persa e siamês. Deste modo, combinam a vasta e sedosa pelagem dos persas com o porte e a marcação de cores presentes nos siameses. São gatos apegados aos donos e bastante brincalhões, de modo que sempre necessitam da companhia humana ou da presença de brinquedos para se distraírem. Sua principal característica é a pelagem densa com coloração do tipo colourpoint, na qual as extremidades do rabo, patas e cabeça assumem uma tonalidade mais escura em relação ao corpo.[107]
- LaPerm
Ver artigo principal: Gato LaPerm
O gato LaPerm foi registrado em 1982, nos Estados Unidos. Trata-se de um felino de pelagem longa e cacheada, com espirais lembrando um saca-rolhas. Apresenta comportamento bastante interativo. É um gato muito procurado por pessoas que gostam de animais que se adaptem aos costumes do lar. Sua personalidade marcante faz com que o LaPerm desenvolva uma forte ligação afetiva com os donos e esteja sempre pronto para brincadeiras, até mesmo com estranhos.[107]
- Maine Coon
Ver artigo principal: Gato Maine Coon
O Maine Coon é um gato norte-americano, conhecido pelo seu avantajado tamanho em relação às demais raças. Foi primeiramente reconhecido como raça oficial[110] no estado norte-americano do Maine, onde era famoso pela sua capacidade de caçar ratos e de tolerar climas rigorosos. Devido ao seu grande porte físico, também é conhecido como "o gigante gentil". Originalmente um gato de trabalho, o Maine Coon é resistente, rústico, capaz de suportar as intempéries. Seu pelo é macio e seu corpo muito bem proporcionado, de aparência retangular e balanceada, sem partes exageradas em tamanho. É musculoso, de tamanho médio para grande. As fêmeas geralmente são menores que os machos.[111] O comportamento do Maine Coon é extremamente dócil, meigo, companheiro, dando-se bem com outros gatos e outros animais de estimação, como o cão. É um gato de fácil adaptação, e essencialmente muito amigável. É carente de cuidados e atenção, necessitando sempre companhia. Seu miado é um dos mais curiosos, por ser semelhante ao cricrilar de um grilo.[107]
- Manx
Ver artigo principal: Gato Manx
O manx ou manês é uma raça originária da Ilha de Man cuja principal característica é a ausência de cauda.[112]. Trata-se de uma raça com temperamento dócil e brincalhão. São gatos muito ativos, que possuem grandes habilidades de saltos[113]. Dotados de muita curiosidade, os gatos dessa raça são capazes de aprenderem a utilizar suas patas para mover maçanetas de portas e abri-las com o objetivo de entrar em um local que tenha algo que queiram[113]. Devido à características genéticas, esta raça pode ser facilmente reconhecida, uma vez que esses animais possuem suas caudas suprimidas[113].
- Mau egípicio
Ver artigo principal: Gato Mau Egípcio
O Mau Egípcio é uma raça que descende diretamente dos gatos da época do Antigo Egito. Pode ser visto em papiros e construções egípcias anteriores a 1000 a.C.[114] Exemplares foram levados à Europa e, mais recentemente, a raça foi desenvolvida nos Estados Unidos a partir de cruzamentos entre exemplares europeus. É um gato doméstico de temperamento calmo. Esperto e dedicado, possui laços afetivos extremamente fortes com os seus donos.[115] Seu aspecto é perfeitamente balanceado entre esbelto e roliço. Sua cabeça é levemente arredondada. O focinho não é pontudo e os seus olhos são oblíquos, de formato oval, geralmente apresentando cor verde.[107]
- Munchkin
Ver artigo principal: Gato Munchkin
O Munchkin é um gato de pernas curtas e corpo alongado. Apesar de registros de gatos de patas curtas aparecerem desde 1944, a raça “oficial” se originou de uma mutação em uma ninhada em 1983, no estado norte-americano da Louisiana.[116] Em função do formato peculiar decorrente de suas pernas curtas, esta raça recebe o apelido de Basset Hound felino, pois é inevitável tal comparação.[107]
São animais geralmente dóceis sociáveis e amáveis. São bastante ativos como outros gatos, mas não conseguem pular tão alto devido à pequena altura das suas pernas, as quais chegam a medir apenas um terço do tamanho observado nas outras raças. A pelagem é bastante variável, podendo ser longa ou curta, com várias tonalidades e cores diferentes.[107]
- Norueguês da Floresta
Ver artigo principal: Gato Norueguês da Floresta
Como o próprio nome diz, o gato Norueguês da Floresta se originou nas áreas florestais da Noruega. A necessidade de se abrigar durante os invernos frios da Escandinávia transformou seu manto em uma espécie de cobertor macio, protegendo-o do vento, do frio e da umidade da neve. Para proteger-se do frio, este gato também dispõe de abundante camada de pelos ao redor do pescoço, formando uma densa juba. Como originaram-se de gatos que viviam ao ar livre, os representantes dessa raça possuem a característica de serem excelente caçadores e apresentarem grande independência em relação à seus donos.[117]
O gato himalaio combina os longos pelos dos persas com a coloração do Siamês.
Típico exemplar da raça Bombay, que apresenta a pelagem completamente negra.
Gato de pelo curto europeu desenvolveu-se naturalmente através do cruzamento de raças do continente.
A pelagem do Ocicat se assemelha bastante a de uma jaguatirica (Leopardus pardalis).
- Pelo curto americano
Ver artigo principal: Gato de pelo curto americano
O gato de pelo curto americano foi criado a partir do padrão observado nos gatos que se procriaram nas ruas das grandes cidades dos Estados Unidos. São conhecidos por sua longevidade, saúde e docilidade com crianças. Resistente, tem seu corpo muito bem proporcionado, forte, ágil, balanceado e simétrico. Seu corpo é mais comprido do que alto, de tamanho médio para grande. As fêmeas são menos robustas em relação aos machos. Sua pelagem é curta e de textura dura. Variações na grossura dos pelos são observadas de acordo com a região e estação do ano. A pelagem é densa o suficiente para proteção do tempo, frio e cortes superficiais na pele.[107]
- Pelo curto brasileiro
Ver artigo principal: Gato de pelo curto brasileiro
O gato de pelo curto brasileiro foi a primeira raça genuinamente brasileira a ser reconhecida internacionalmente. Esta raça é originária dos gatos introduzidos no país pelos europeus por ocasião da colonização do país.[118] A mistura de raças aliada a seleção natural causada pela necessidade de sobreviver nas ruas conferiu a estes gatos uma saúde excelente. [118]
São conhecidos por sua longevidade, resistência e docilidade com adultos e crianças. O pelo é bem deitado junto ao corpo, cabeça e orelhas de tamanho médio, proporcionais a largura da base, bem colocadas. Os olhos ligeiramente oblíquos e o nariz da mesma largura da base até à ponta. Peito largo, pernas de tamanho médio e patas arredondadas, também de tamanho médio. O corpo é forte, musculoso, mas o aspecto geral é de um gato muito ágil e elegante.[119]
- Pelo curto europeu
Ver artigo principal: Gato de pelo curto europeu
O gato de pelo curto europeu foi naturalmente desenvolvido a partir do cruzamento entre os gatos de diferentes raças que viviam nas ruas das cidades cidades da Europa continental. É conhecido por sua longevidade e resistência a doenças. Assemelha-se bastante ao gato de pelo curto brasileiro, mas, devido ao clima mais frio da Europa, possui uma pelagem mais densa e compacta. Assim como as demais raças de gatos surgidas nas ruas, apresenta excelente visão noturna e bom faro, o que lhe permite caçar roedores na ausência de alimentos fornecidos pelos humanos.[107]
- Pelo curto inglês
Ver artigo principal: Gato de pelo curto inglês
Sendo conhecido há cerca de dois mil anos, o gato de pelo curto inglês é a mais antiga raça de gatos da Inglaterra. É um gato elegante, compacto, bem balanceado e forte, que prefere estar no chão e não tem entre suas especialidades a velocidade, ou a agilidade. A cabeça é arredondada, com bom espaço entre as orelhas.[107] Devido à sua inteligência, é uma das raças preferidas para filmes em Hollywood e comerciais de televisão.[120]
- Persa
Ver artigo principal: Gato persa
Os gatos persas originaram-se na antiga Pérsia (atual Irã). No século XVII, foram levados à Itália, onde sua pelagem macia e brilhante fez com que imediatamente ganhassem popularidade. Atualmente, esta é a raça de gato doméstico mais popular no Brasil e na maior parte do mundo.[122] Os persas são gatos muito procurados por pessoas que vivem em espaços pequenos, como apartamentos, pois seus miados são baixos e pouco comuns, além do fato desses animais apresentarem um forte apego ao seu dono.[122] Caracteriza-se pela pelagem comprida e sedosa, com uma cabeça grande e redonda, orelhas pequenas e arredondadas com tufos de pelos no interior, olhos grandes e redondos de coloração vívida e patas curtas, porém musculosas. O padrão comum da raça apresenta focinhos achatados (flat face), porém alguns exemplares possuem focinhos um pouco mais alongados (doll face).[107][122]
- Ragdoll
Ver artigo principal: Gato ragdoll
O gato ragdoll foi desenvolvido em meados do século XX, nos Estados Unidos. Seu nome, que significa "boneca de pano" em inglês, indica uma característica peculiar da raça, que é relaxar completamente ao ser colocado no colo. É tão dócil que permite ser jogado de um lado para o outro, algo que nem todos os gatos aceitam. É um gato muito quieto e gentil, e uma vez que escolha um dono, o acompanhará permanentemente. É uma raça caseira e, por sua docilidade, totalmente indefesa quando livre, necessitando, portanto, exclusivamente do ambiente interno. Não possui muita necessidade de atividades físicas, sendo mais sedentário que gatos de raças menores.[107]
- Ocicat
Ver artigo principal: Gato Ocicat
O gato Ocicat surgiu nos Estados Unidos em 1964, quando uma criadora comercial realizava cruzamentos entre abissínios e siameses. Ao cruzar um abissínio-siamês com um com um siamês chocolate point, obteve um gato com a pelagem semelhante a de um jaguar. Batizou a nova raça de "Ocicat", pela semelhança desse gato com a jaguatirica (que, em inglês, é chamada de Ocelot). Apesar desta aparência singular, o Ocicat não é híbrido entre gatos domésticos e espécimes selvagens. Possui grande porte, com patas ovais, pernas robustas bem musculosas e rabo alongado. Seu pelo segue um padrão manchado, assemelhando-se ao observado nos felinos selvagens. Seus olhos podem apresentar quase todas as tonalidades de cores, excetuando-se o azul.[107]
- Sagrado da Birmânia
Ver artigo principal: Gato Sagrado da Birmânia
O gato sagrado da Birmânia recebeu esse nome por descenderem diretamente de uma linhagem de gatos que viviam dentro dos mosteiros budistas birmaneses.[123] Segundo a lenda budista, havia, em um determinado templo, um gato branco de pelo comprido que era o fiel companheiro de um sacerdote. Quando este morreu, assassinado por invasores, o gato pulou para cima do corpo de seu dono e aí ficou, para evitar que alguém se aproximasse. Nesse momento, sua pelagem foi ficando cor de creme. Os olhos dourados tornaram-se azuis e as patas, nariz, orelhas e cauda azuis-cinzentos. Apenas os quatro pés, que estavam em contato com o corpo do defunto, permaneceram brancos.[124] Os espécimes dessa raça apresentam olhos azuis, pelos longos e corpos musculosos. A pelagem não forma nós, nem cachos, exceto da região do abdômen. As fêmeas pesam no máximo 5 kg, sendo bem menores do que os machos, que podem chegar aos 8 kg. Sempre andam com a cauda ereta e nascem brancos, adquirindo a coloração definitiva após alguns meses. Alguns gatos dessa raça nascem portando cardiopatias congênitas.[107]
- Savannah
Ver artigo principal: Gato Savannah
O Savannah é um animal híbrido derivado de cruzamentos entre o gato doméstico e o serval africano (Leptailurus Serval). Possui esse nome pelo fato do serval habitar as savanas.[125] Pelo fato da raça ser resultante do cruzamento de espécies diferentes, a maioria dos Savannah é estéril, o que a torna uma raça muito rara. Possui um porte intermediário ao do gato doméstico e ao do serval, com a cabeça possuindo formato triangular, orelhas esguias e de tamanho grande, e a pelagem formada por manchas iguais a do serval, porém com a cor do pelo variando entre prateado, dourado ou marrom. Sua personalidade é independente, contudo, não apresenta traços da agressividade existente nos animais selvagens.[126]
- Scottish Fold
Ver artigo principal: Gato Scottish Fold
O Scottish Fold é um gato originário da Escócia. Possui um porte robusto, pelos macios e face bem arredondada. Sua característica mais marcante está nas orelhas que, ao contrario dos demais gatos, são pequenas e com pontas dobradas para dentro. É bastante companheiro e tolerante com animais de outras espécies. Possui nível médio de atividade, não sendo nem muito agitado nem muito pacato. Os gatos dessa raça praticamente não miam, exceto quando estão no cio. Sua coloração é cinza-azulada, podendo variar entre tons mais claros e mais escuros, sempre contrastando com áreas de pelagem branca. O pelo azul pode ficar levemente marrom antes da troca, que normalmente ocorre duas vezes por ano.[127]
Esta raça teve início no ano de 1961, na Escócia. Em uma fazenda na região de Perthshire, no interior do país, havia uma gata com orelhas dobradas[128]. Ao atingir a maturidade, esta gata teve uma ninhada na qual dois destes filhotes tinham as orelhas dobradas como as da mãe. O fazendeiro William Ross, que era um grande apaixonado por gatos adquiriu os dois gatinhos e com a ajuda do geneticista Pat Turner conseguiu produzir 42 gatos com orelhas dobradas, os quais deram origem à esta raça.[128]
Estima-se que mutação que deu origem à esta característica das orelhas está ligada a presença de um gene dominante.[128]
- Siamês
Ver artigo principal: Gato siamês
Os gatos siameses receberam esse nome por serem originais do antigo Sião (atual Tailândia). Trata-se de um gato de psicologia complexa, frequentemente imprevisível em suas reações. Por isso, precisa viver em espaço amplo, onde possa dar seus passeios noturnos. Costuma miar bastante, sobretudo no período do cio.[107] A característica mais marcante dessa raça está na cabeça, perfeitamente triangular, ornamentada por um par de olhos azuis. Tais gatos nascem quase totalmente brancos, sendo que a pelagem das partes menos aquecidas (orelhas, patas e cauda) escurece à medida que se tornam adultos; a pelagem das partes mais aquecidas, como o umbigo, permanece clara. O tom dos pelos em geral tende a escurecer conforme a idade do animal, devido à circulação sanguínea menos eficiente, e gatos que vivem em ambientes mais frios são geralmente mais escuros que espécimes em ambientes mais quentes. É uma das poucas raças de gato que pode ser realmente adestrada, aceitando inclusive a passear de coleira com seus donos, como fazem os cães, desde que treinados desde pequenos.[129]
- Sphynx
Ver artigo principal: Gato Sphynx
O Sphynx é uma raça originária do Canadá. Ficou famosa por não possuir pelos, sendo assim muito procurado por pessoas que gostem de gatos, mas possuam alergia a seus pelos. Devido a essa ausência de pelos, esse animal é vulnerável ao frio e ao calor, podendo sofrer queimaduras solares nas partes mais claras da pele.[107]
A história desta raça teve início no ano de 1966, na cidade canadense de Toronto. Em uma ninhada de gatos, nasceu um filhote praticamente desprovido de pelos. Na ninhada seguinte da mesma gata este fenômeno voltou a acontecer. Estes gatos foram utilizados em sucessivos cruzamentos e deram origem a uma nova raça felina, cujos exemplares começaram a ser chamados "Moon's Cats" (Gatos da Lua), e em seguida de "Canadian naked"(Canadense nu). Posteriormente, a raça foi rebatizada com seu nome atual: Sphynx.[130]
- Tonquinês
Ver artigo principal: Gato Tonquinês
O Tonquinês é uma raça desenvolvida no início do século XX, a partir do cruzamento entre gatos siameses e gatos birmaneses. Inicialmente, foi denominado "siamês dourado", mas, após diversas gerações, a raça conseguiu reconhecimento próprio. De caráter afetuoso e sociável, é muito inteligente. Por sua genética mista, no cruzamento entre tonquineses, apenas a metade da prole será de representantes dessa raça.[107] O Tonquinês ainda é pouco difundido na Europa, ao contrário do que ocorre em sua área de origem, a América do Norte, onde é bastante comum encontrar criadores que comercializem esses animais.[131]
Diferente das outras raças, os Scottish Folds apresentam as pontas das orelhas caídas.
Exemplar de gato siamês. É uma das poucas raças de gato que podem ser realmente adestradas..
O Sphynx é praticamente ausente de cobertura de pelos.
Os gatos sem raça definida apresentam enorme variedades de cores, tipos de pelagem e coloração dos olhos.
- Sem raça definida (SRD)
Ver artigo principal: Sem raça definida (SRD)
Popularmente conhecido como "vira-latas", os gatos sem raça definida normalmente têm sua genética composta por misturas entre diversas raças [132].
Por serem derivados de animais portadores de distintas características, a seleção natural tratou de aprimorar as características que dão a esses gatos maiores níveis de resistência e melhores graus de aptidão para a vida ao lado dos seres humanos. Assim, os felinos sem raça definida normalmente são beneficiados por terem reduzida propensão ao desenvolvimento de doenças de origem genética, além de apresentarem elevados níveis de interação com os humanos, sendo muito amigáveis e apegados aos donos[133].
Gatos Ferais
Ver artigo principal: Gato feral
Gatos que nasceram ou cresceram em meio selvagem, sem manterem contato direto com seres humanos, tendem a se agrupar em colônias formadas por diversos animais. Os animais que vivem nessa situação recebem o nome de gatos ferais. [134]
Esses animais costumam formar colônias nas quais vivem por meio de caça a pequenos animais como aves e roedores[134]. Por crescerem de forma isolada, eles costumam apresentar agressividade e dificilmente aceitam contato com humanos, o que torna sua domesticação ocorrência rara e de elevado nível de dificuldade [135]. Suas colônias podem apresentar diferentes tamanhos, variando desde grandes colônias, com a presença de 25 ou mais gatos; agrupamentos médios contendo 10 a 25 indivíduos; ou ainda, pequenos grupos compostos por menos de 10 animais[136]. Tais colônias usualmente se localizam em áreas afastadas dos centros urbanos; contudo, não é rara a presença de agrupamentos de gatos ferais ocupando parques e grandes terrenos baldios das áreas urbanas[134].
Uma vez que os gatos ferais são idênticos aos gatos domésticos do ponto de vista genético[134][135], não existem distinções significativas das feições físicas entre os gatos ferais e os domésticos.[137] Entretanto, devido a seu modo de vida, normalmente os animais ferais irão apresentar-se mais musculosos que os animais domesticados, uma vez que esses gatos de vida livre realizam atividades físicas de forma mais intensa e frequente. Suas constantes atividades de caça os obrigam a subir em árvores, escalarem rochas e correrem atrás das presas, o que gera grande gasto de energia[137].
Visualmente, o gato feral pode apresentar pelagem mais rústica. Mas isso não se trata de uma característica genética e sim de um aspecto relacionado ao fato de que, ao adotar um modo de vida selvagem e afastado do convívio com humanos, esses animais não recebem os cuidados que manteriam sua pelagem brilhante e macia. Além disso, suas práticas de caça e as frequentes brigas em defesa do território podem causar ferimentos que deixam cicatrizes, sobre as quais há crescimento irregular de seus pelos[138].
Os gatos de vida livre não precisam de interação com o homem para obterem proteção, alimentos ou companhia. Deste modo, ao contrário dos gatos normais, os ferais não vocalizam para os humanos. [134]. Na verdade, por serem dotados de elevado temor e desconfiança em relação ao homem, os gatos ferais normalmente procuram manter-se distantes das pessoas[136]. Caso sejam capturados, esses animais irão empreender fuga e retornarão à natureza na primeira oportunidade que encontrarem para isso[135].
Devido à sua natureza selvagem, quando retirados de seu ambiente os gatos ferais ficam severamente estressados, o que faz com que tenham seu sistema imunológico abalado. Deste modo doenças preexistentes tornam-se sintomáticas, fazendo com que a saúde do animal se deteriore, podendo causar sua morte[137].
Em alguns casos, pessoas incentivam a manutenção das colônias de gatos ferais, objetivando o controle de pragas nas redondezas, uma vez que suas frequentes atividades de caça evitam a presença de ratos e outros animais indesejáveis[134][139].
É importante destacar que os gatos ferais devem ser diferenciados dos gatos de rua, uma vez que os animais ferais vivem em comunidades, evitando o contato com humanos[135]. Já os gatos de rua são animais que embora vivam ao relento se alimentando das comidas que encontrem nas ruas, apresentam boa capacidade de socialização, aceitando e apreciando o contato com as pessoas[140]. Ao contrário dos animais ferais, gatos de rua podem facilmente ser convertidos em animais de estimação, bastando para isso que um humano lhe forneça abrigo e alimento[140].
Mitologia e cultura popular
Ver artigo principal: Gatos na cultura popular
Os gatos sempre foram muito referenciados na cultura popular. Dentre os antigos povos que reverenciavam os gatos, destacam-se as civilizações egípcia, birmanesesa, celta, latina, nórdica e persa.[141] Todas essas culturas tinham em comum a presença de deuses que apresentavam-se na forma de gatos.[142]
Na cultura celta, a deusa Ceridwen possui uma relação com o culto ao gato, por meio de seu filho Taliesin, o qual, em uma de suas reencarnações, foi descrito como sendo um gato de cabeça sarapintada.[143] Na mitologia nórdica, existe a deusa Freya, a qual possui uma carruagem puxada por dois gatos, que representavam as qualidades da deusa: a fertilidade e a ferocidade. Esses gatos exibiam as facetas do gato doméstico, ao mesmo tempo afetuosos, ternos e ferozes. Os templos pagãos da região nórdica eram frequentemente adornados com imagens de gatos. Na Finlândia, havia a crença de que as almas dos mortos eram levadas ao além por meio de um trenó puxado por gatos.[144] A cultura islâmica relata várias associações entre os gatos e o profeta Maomé, a quem teriam inclusive salvo da morte, ao matar uma serpente que o atacava.[142]
Na Ásia, os gatos foram venerados pelos primeiros budistas, devido a sua capacidade elevada de auto-domínio e ao fato do animal apresentar capacidade de concentração semelhante à obtida por meio da meditação. Na China, estatuetas de gatos eram utilizadas para afugentar maus espíritos. Tal povo acreditava na existência de dois tipos distintos de gatos: os bons e os maus, que podiam ser facilmente diferenciados, uma vez que os maus tinham duas caudas.[144]
Os hebreus acreditavam que o gato teria sido criado por Deus dentro da Arca, quando Noé, preocupado com a proliferação dos ratos que se procriaram excessivamente na embarcação, implorou à Deus para que Ele providenciasse uma solução. Deus então fez com que o leão da Arca espirrasse, e do espirro desse felino, surgiram os gatos domésticos.[145]
Durante a Idade Média, os gatos foram vítimas de inúmeras crueldades, pois algumas pessoas acreditavam que esses animais eram possuídos pelo diabo.[146] No século XV, o papa Inocêncio VIII chegou a incluir os gatos pretos na lista de seres hereges perseguidos pela Inquisição. Assim, esses gatos foram acusados de estarem associados a maus espíritos e, assim, queimados nas fogueiras juntamente com as pessoas acusadas de bruxaria.[146]
As várias vidas dos gatos
De acordo com um mito existente em diversas culturas, os gatos possuem sete ou nove vidas. Esta lenda surgiu em decorrência da habilidade que esses felinos possuem para escapar de situações que envolvam risco à sua vida.[147] Outro fator também responsável por essa crença é que, ao caírem de grandes altitudes, os gatos quase sempre atingem o solo apoiados sobre as quatro patas. Isso ocorre em função de possuírem um apurado senso de equilíbrio, permitindo-lhes girar rapidamente usando a cauda como contrapeso.[148] Quando abandonados em áreas remotas, distantes da sociedade humana, filhotes de gatos podem converter-se ao meio de vida selvagem, passando a caçar pequenos animais para sobreviver. Isso faz com que eles sejam frequentemente vistos como animais resistentes, dotados de várias "vidas".[54] Entretanto, a expectativa de vida de um gato de rua é de apenas 3 anos. Já um gato que seja cuidado por humanos pode superar os 20 anos de idade.[55]
Mas, ainda que seja impossível apontar a origem exata dessa lenda, acredita-se que ela esteja ligada à Idade Média, quando se imaginava que as bruxas se associavam aos gatos, principalmente aos pretos. Em 1584, no livro Beware the Cat[149] (Cuidado com o gato), o escritor inglês William Baldwin dizia que "é permitido às bruxas possuírem o corpo do seu gato por nove vezes". Outro inglês, John Heywood, reuniu, em 1546, uma coletânea de provérbios, dos quais um dizia que "a mulher, assim como o gato, tem nove vidas". Um outro provérbio inglês diz: "O gato tem 9 vidas, com 3 ele brinca, 3 ele perde e com 3 ele fica". Já os árabes e turcos nada tinham contra os gatos (Maomé vivia cercado deles) e seus provérbios falam em sete vidas. É provável que tenham passado essa versão para espanhois e portugueses na ocupação da Península Ibérica pelos mouros - que teve início no Século VIII e durou quase 800 anos. A partir de Portugal, o mito das sete vidas felinas logo chegou ao Brasil, onde é muito popular.
Gato preto
Ver artigo principal: Gato preto
Tecnicamente, os gatos pretos simplesmente consistem em gatos comuns, mas com a coloração da pelagem diferenciada devido à ocorrência de melanismo. A ciência indica que esta característica pode ter papel vantajoso para sobrevivência desses felinos[150], uma vez que a escuridão da pelagem auxilia na camuflagem, dando maior eficiência às ações furtivas envolvendo a caça. Tal aspecto estimulou a ação da seleção natural, dando uma série de características comportamentais típicas dos felinos de pelagem negra. Estima-se ainda que, devido a tais adaptações genéticas, os gatos pretos sejam mais resistentes a algumas doenças, como a leucemia e a imunodeficiência felina [151][152]. Tais vantagens evolutivas ocasionaram a propagação dos genes relacionados à coloração negra.
Os gatos pretos estão muito associados à crenças e superstições. Na Idade Média, acreditava-se que os gatos pretos eram bruxas transformadas em animais. Por isso, a tradição diz que cruzar com um gato preto é sinal de mau agouro. Em outras culturas, os gatos dessa cor são reverenciados, estando associados a presença de boa sorte. Os animais de cor preta frequentemente estão presentes em histórias de suspense e terror. Um conto muito popular tratando desse animal é O Gato Preto, de Edgar Allan Poe, onde o autor responsabiliza o animal por uma série de acontecimentos sobrenaturais presentes na narração.[153] Histórias desse tipo acabam levando algumas pessoas a desenvolverem um medo patológico de gatos, que é denominado ailurofobia.[154]
Instituições internacionais de proteção aos animais instituiram que no dia 27 de outubro comemora-se o dia do gato preto[155][156], data criada com o objetivo de divulgar suas qualidades e estimular a adoção desses felinos, uma vez que estes animais costumam ser menos adotados que os exemplares de outras cores[157].
Os gatos e a sociedade humana
Muito utilizados como animais de estimação, os gatos podem ter efeitos benéficos, a medida em que atuam como animais de companhia, auxiliando no tratamento da depressão em seres humanos.[158] Estudos científicos indicam que existe uma redução de 30% no risco de ocorrências de infartos nas pessoas que têm gatos como animais de estimação. O provável motivo é que o convívio com esses pequenos felinos seria capaz de minimizar os níveis de estresse, um dos principais responsáveis pelo surgimento de problemas cardiovasculares.[159][160]
A presença constante desses animais na sociedade humana faz com que frequentemente sejam criados personagens baseados neles.[161]
O Gato de Botas: datado de 1697, é um conto de fadas do francês Charles Perrault.
Bafo-de-Onça: João Bafo-de-Onça é conhecido como ladrão de bancos e inimigo de Mickey Mouse. Sua primeira aparição foi em 1925.
Gato Félix: é um personagem de desenho animado da época dos filmes mudos. Considerado o primeiro personagem de animação em série a conquistar a atenção do grande público.
Frajola: personagem da Looney Tunes, rival do canário Piu-piu.
Manda-Chuva: série produzida por Hanna-Barbera entre 1961 e 1962, conta a história de um grupo de gatos que vivem em um beco de Nova Iorque, cujo líder dá nome à animação.
Tom: personagem em constante rivalidade com Jerry, o rato. Suas armações geram sempre grandes confusões para si. Tom e o ratinho dividem a mesma casa.
Hello Kitty: figura de uma gata branca japonesa com traços humanos. Virou logomarca em 1976. É distribuída mundialmente.
Garfield: criação de Jim Davis, é um dos personagens mais famosos de tirinhas de jornal.
Comichão: personagem do desenho animado que diverte os Simpsons.
CatDog: uma criatura metade gato, metade cão; era o personagem de um desenho animado que dava nome à animação de Peter Hannan. A série teve duração de quatro anos (1998–2001).
Blaze the Cat: Uma gata roxa, princesa de outra dimensão, que fez sua primeira aparição em Sonic Rush. Apareceu também em Sonic Rush Adventure e Sonic the Hedgehog (2006).
Gumball: Gato azul personagem da Cartoon Networks que se mete em muitas confusões com seu irmão Darwin.
Pokémon : Um pokemon inspirado em um gato chamado de Meowth aparace no anime como um "vilão". Aparecendo em quase todos os episódios do anime.
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Ver também
- Lista de raças de gatos domésticos
- Ailurofobia
- Gata Negra
- Gato de navio
- Gato de olho ímpar
- Gato de Schrödinger
- Gato preto
- Mulher Gato
Ligações externas
- Commons
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- Wikiquote
- Wikcionário
- Wikispecies
Tutorial explicando como cuidar dos gatos (em português)
Ficha Naturdata sobre o gato em Portugal (em português)