Papa Alexandre VI
Alexandre VI | |
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Papa da Igreja Católica | |
214° Papa da Igreja Católica | |
Atividade Eclesiástica | |
Diocese | Diocese de Roma |
Eleição | 11 de agosto de 1492 |
Entronização | 26 de agosto de 1492 |
Fim do pontificado | 18 de agosto de 1503 (11 anos) |
Predecessor | Inocêncio VIII |
Sucessor | Pio III |
Ordenação e nomeação | |
Ordenação presbiteral | 30 de outubro de 1471 |
Ordenação episcopal | 30 de junho de 1458 |
Nomeado arcebispo | 9 de julho de 1492 |
Cardinalato | |
Criação | 20 de fevereiro de 1456 (in pectore) 17 de setembro de 1456 (Publicado) por Papa Calisto III |
Ordem | Cardeal-diácono (1456-1492) Cardeal-bispo (1471-1492) |
Título | São Nicolau no Cárcere (1456-1471) Santa Maria em Via Lata (1458-1492) Albano (1471-1476) Porto-Santa Rufina (1476-1492) |
Papado | |
Brasão | |
Consistório | Consistórios de Alexandre VI |
Dados pessoais | |
Nascimento | 1 de janeiro de 1431 Xàtiva, Valência, Espanha |
Morte | 18 de agosto de 1503 (72 anos) Roma, Itália |
Nacionalidade | espanhol |
Nome nascimento | Rodrigo Bórgia |
Progenitores | Mãe: Isabel de Borja y Cavanilles Pai: Jofre de Borja Llanzol |
Sepultura | Santa Maria in Monserrato degli Spagnoli |
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Alexandre VI, nascido Rodrigo Bórgia, ou Roderico de Borja; (Xàtiva, 1 de janeiro de 1431 – Roma, 18 de agosto de 1503) foi o 214.º papa da Igreja Católica, de 11 de agosto de 1492[1] até a data da sua morte.[2][3] Adotou o nome de Rodrigo Borgia ao chegar à Itália.
Natural de Valência,[3] após estudar em Roma, acompanhou seu primo Luis Juan de Milà y Borja à Universidade de Bolonha, onde se graduou em Leis.[4]
O nome de sua família foi elevado à cátedra do Vaticano com a eleição do seu tio materno, Afonso Bórgia, como Papa Calisto III, por quem foi feito cardeal.[3] Foi sucessivamente elevado a cargos de mais qualidade: bispo, cardeal e vice-chanceler da Igreja. Tornou-se um grande diplomata após servir à Cúria Romana durante cinco pontificados; adquiriu experiência administrativa, influência e riqueza, mas não grande poder.
Teve várias amantes: em particular Vanozza Catarei e Giulia Farnese, mulher de seu primo Orsino Orsini Migliorati.
Índice
1 Família
2 Eleição
3 Papado
4 Morte
5 Legado
5.1 A favor
5.2 Contra
6 Na cultura
7 Série sobre a família Bórgia
8 Referências
9 Ligações externas
Família |
Foram seus pais Jofré de Borja i Escrivà e Isabell de Borja, irmã do cardeal Alfonso de Borja, o Papa Calisto III.[2] Era primo-irmão do cardeal Luis Juan de Milà y Borja, e pai do também cardeal César Borgia. Foram seus descendentes os cardeais Juan de Borja Llançol de Romaní, Pedro Luis de Borja Llançol de Romaní, Francisco Lloris y de Borja e Rodrigo Luis de Borja y de Castre-Pinós.[4]
Filhos com maternidade não registrada foram:
Pedro Luís Borgia (1458-1491), 1.º Duque de Gandia [3]
Isabella Borgia (1467-1547), casada com Pietro Mattuzzi
Girolama Borgia (1469–1483), casada com Gianandrea Cesarini
Seu relacionamento com a dama romana Vannozza dei Cattanei começou em 1470, e fruto dele nasceram quatro filhos:
Giovanni de Candia Borgia (1474-1497), 2.º Duque de Gandia
Cesare Borgia (1476-1507), 1.º Duque de Valentinois
Lucrezia Borgia (1480-1519), Duquesa de Ferrara, Módena e Régio
Gioffre Bórgia (1481-1516),[2] 1.º Duque de Alvito
Com Giulia Farnese teve, possivelmente, uma filha:
- Laura Orsini (1492-1530)
Eleição |
Ver artigo principal: Conclave de 1492
Rodrigo Bórgia usou sua fortuna e promessas para comprar a maior parte dos votos dos vinte e três cardeais quando se realizou o conclave para definir a sucessão do papa Inocêncio VIII.[3] No conclave houve três candidatos: ele próprio, Ascanio Sforza e Giuliano della Rovere. Reuniram-se em agosto de 1492, na capela apelidada Capela Sistina, por ter sido construída pelo papa Sisto IV, adornada com obras-primas de Botticelli, Pinturicchio, Ghirlandaio e Michelangelo. A eleição foi definida na madrugada de 10 para 11 de agosto. Deu-se a coroação ao 26 de agosto.[5] Rodrigo Bórgia tinha então 60 anos, e adotou o nome de Alexandre VI (em latim, Alexander VI). Notoriamente, recebeu a infeliz distinção de ser considerado, por muitos, o pior de todos os papas.[3]
Papado |
O papado de Alexandre VI começou tranquilo, mas não tardou para que se manifestasse sua ganância em sacrificar todos os interesses em favor da família. Nomeou Cardeais o seu filho de dezesseis anos, César Bórgia, os seus sobrinhos Francisco Borgia e Juan Lanzol de Bórgia de Romaní, o maior, um primo deste último Juan Castellar y de Borgia (it. Giovanni), os seus sobrinhos-netos Juan de Borja Llançol de Romaní, o menor, Pedro Luis de Borja Llançol de Romaní e Francisco Lloris y de Borja e o cunhado do seu filho César, Amanieu d'Albret. César seria posteriormente retratado por Maquiavel em sua obra O príncipe como o ideal do político e governante pragmático.
O cardeal Della Rovere o acusou de simonia, e trouxe o rei da França Carlos VIII para depô-lo, mas Bórgia fez um acordo, permitindo o trânsito dos exércitos franceses, e foi reconhecido como Papa pelo rei francês.[3]
Enquanto isto, ele negociou com o imperador alemão Maximiliano I e os governantes da Espanha e Veneza uma aliança, que derrotaram os franceses.[3]
Um de seus acusadores era o frei dominicano Girolamo Savonarola, que havia conseguido reformar Florença através de muita coragem e uma brilhante oratória.[3]
Alexandre se conteve, diante dos ataques de Savonarola, até que, enfraquecido por ter repetidamente quebrado seu voto de obediência ao chefe da Igreja, Savonarola sofreu a sentença de excomunhão. Savonarola, porém, continuou seus ataques, e a ministrar a comunhão, e desafiou caminhar nas chamas para provar que ele tinha a palavra de Deus. Um outro frei dominicano se ofereceu para ir junto, porém quando o circo foi armado, e a multidão estava ansiosa para assistir ou um milagre ou uma tragédia, o frei se recusou a entrar nas chamas, e a influência de Savonarola diminuiu.[3]
Um dos seus maiores desgostos foi quando seu filho, o Duque de Gandia, foi assassinado, com suspeitas recaindo sobre César Bórgia; quando seu corpo, mutilado, foi encontrado no Rio Tibre, o papa, entristecido, clamou que isto era uma punição por seus pecados. Após a morte do filho, Alexandre convocou os cardeais para reformar a Igreja e acabar com o nepotismo. Mas as reformas não foram adiante.[3]
Seu pontificado é um paradigma de corrupção papal ocasionada pela invasão secular dentro da Igreja, fato esse que, mais tarde, foi tido como desculpa para a separação dos protestantes. Alexandre VI protegeu as Ordens Religiosas, aprovando Congregações recém-fundadas e a evangelização do Novo Mundo e da Groelândia.[6]
Durante seu pontificado, foram decretadas as Bulas Alexandrinas, tratados responsáveis pela divisão das possessões portuguesas e espanholas no mundo. Dentre elas são destaque as bulas Inter cætera, Eximiae Devotionis e Dudum Siquidem. As negociações ibéricas levaram ao Tratado de Tordesilhas que confirmaria a divisão do mundo entre Portugal e Espanha, que foi contestado por outros monarcas, com destaque para Francisco I de Angoulême, rei da França.
Tanto a França como a Inglaterra não reconheceram a decisão papal e estabeleceram colônias nas novas terras descobertas.[6]
Morte |
Morreu provavelmente por envenenamento. Alguns historiadores alegam ter sido o seu próprio filho Cesare, a o matar, tendo sido também envenenado só que aparenta ter sobrevivido.[7] Seu funeral foi breve e sem grandes comemorações, tendo sido sepultado com a seguinte epígrafe em seu túmulo na Espanha: "Aqui Jaz Alexandre VI, que foi papa". O seu túmulo encontra-se na igreja de Santa Maria in Monserrato.
Legado |
Alguns historiadores consideram que as histórias sobre ele foram escritas com malícia, e questionam as acusações feitas contra ele, mas, exageros à parte, ele não estava preparado para o cargo. De acordo com John Farrow, o melhor que se pode dizer dele é que sua moral privada não era diferente dos príncipes de sua época, e que, se as histórias soam escandalosas hoje, na sua época não causavam nenhuma surpresa.[3] Avaliação semelhante é realizada pelo historiador Leandro Rust, que, demonstrando as evidências históricas sobre o comportamento da família Bórgia, destaca a influência exercida pelo imaginário político contemporâneo criado em torno de Alexandre VI como símbolo do papado a ser combatido pelos nacionalistas durante o Risorgimento: "Há um “problema Bórgia” no estudo da história. Desde o século XIX, tudo o que diz respeito a esta família é colocado de modo visceral, superlativo. Os vícios parecem sempre maiores quando se trata de Alexandre VI, os comportamentos são apresentados com tons de degeneração e corrupção sem iguais, que parecem nunca ter se repetido. Em consequência, o tema fica colocado nos termos de um “ou tudo ou nada”: ou se está a favor ou contra os Bórgia".[8]
Como a maior parte dos papas do Renascimento, Alexandre patrocinou as artes, e Roma beneficiou-se de seu programa de restaurações e decorações. A cidade floresceu com poetas e autores.[3]
A favor |
Nem todos seus contemporâneos o acusaram. Sigismundo Conti, que o conhecia bem, elogiou sua dedicação à Igreja e sua atuação nos trinta e sete anos em que foi cardeal (nos papados de Pio II, Paulo II, Sixto IV e Inocêncio VIII), seu trabalho como legado na Espanha e na Itália, seu conhecimento da etiqueta, e seus esforços em se mostrar brilhante nas conversas e digno em seus modos.[3]
Hieronimus Portius o descreveu como um homem alto, nem muito pálido nem muito moreno, de olhos negros, de boca cheia; sua saúde era ótima, e ele conseguia resistir a qualquer esforço; era eloquente no discurso e uma natureza boa.[3]
O historiador alemão Hartmann Schedel, após fazer um resumo de sua carreira, o descreve como um homem de visão ampla, abençoado com grande prudência, habilidade de ver o futuro, e conhecimento do mundo. Por seu conhecimento dos livros, apreciação da arte e probidade, ele foi um sucessor digno do seu tio Calisto III. Ele era amável, confiável, prudente, piedoso e conhecedor dos assuntos relacionados ao seu digno cargo. Schedel termina dizendo que foi uma bênção que uma pessoa com tantas virtudes tenha sido elevada a esta posição digna.[3]
Quanto às críticas que eram feitas, Alexandre comentou que "Roma é uma cidade livre, aqui todos têm o direito de escrever e falar o que quiserem".[3]
Um autor escreveu "Não existe abuso ou vício que não seja praticado abertamente no palácio do Papa. A perfidez dos Citas e dos Cartagineses, a bestialidade e selvageria de Nero ou Calígula, são superadas. Rodrigo Bórgia é um abismo de vício, um subversor de todas as justiças, humana e divina". Este autor não sofreu nenhuma vingança, e foi recebido pelo Papa em audiência.[3]
Contra |
O julgamento de Savonarola, porém, foi diferente. Ele escreveu aos reis cristãos pedindo que fosse convocado um concílio para depô-lo, o acusando de simonia, heresia e descrença. Ainda segundo Savonarola, Alexandre não era um papa, e não era nem cristão, porque não acreditava em Deus.[3]
Na cultura |
Alexandre VI - Bórgia o Papa Sinistro, livro do historiador alemão Volker Reinhardt.[9]
A lenda negra - Os Borgias, livro do jornalista, professor de história e literatura italiana Mario Dal Bello.[10]
Mitos Papais: política e imaginação na história, livro do professor de história Leandro Duarte Rust.[8]
The Borgias, série televisiva de ficção histórica com Jeremy Irons interpretando o Papa Alexandre VI.
Assassin's Creed II e Assassin's Creed: Brotherhood, jogos de videogame produzidos pela Ubisoft, onde Alexandre VI aparece como antagonista do enredo e aliado dos templários contra os assassinos liderados por Ezio Auditore da Firenze.
Assassin's Creed: Renascença e Assassin's Creed: Irmandade, romances de Oliver Bowden baseados na aclamada série de jogos da Ubisoft.
Borgia:Faith and Fear, serie televisiva franco-alemã de ficção histórica com três temporadas, criada por Tom Fontana exibidos pelo canal a cabo HBO- Um jovem Roderico de Borgia durante o Conclave de 1458 é interpretado por Manu Fullola no filme canadense de 2006 O Conclave, dirigido por Christoph Schrewe.
Série sobre a família Bórgia |
The Borgia – foi produzido por Neil Jordan, foi veiculado pela ShowTime nos EUA durante os anos de 2011 e 2013 e teve 3 temporadas. A primeira season teve 9 episódios enquanto as segunda e terceira, 10 cada uma com duração média de 55 minutos. Baseada no que segundo o criador do filme é sórdida a saga da Família Bórgia, uma das mais lembradas famílias da história, a crônica se passa na Itália do século XV, durante o auge do Renascimento. A série começa no momento em que o patriarca Rodrigo Bórgia (Jeremy Irons) é elevado a Papa, dando início a um grande e cruel jogo de intrigas e disputas. O criador destaca que todos os pecados são cometidos em nome do poder, influência e riqueza para sua audaciosa família.
- Rota dos Bórgia
Referências
↑ http://www2.fiu.edu/~mirandas/bios1456.htm#Borja
↑ abc Este artigo incorpora texto da verbete Pope Alexander VI na Catholic Encyclopedia, publicação de 1913 em domínio público.
↑ abcdefghijklmnopqrs John Farrow, Pageant of the Popes (1942), Fifteenth Century [em linha]
↑ ab «BORJA Y BORJA, Rodrigo de (1430/1432-1503)» (em inglês). Florida International University. Consultado em 22 de março de 2014
↑ McBRIEN, Richard P. Os Papas. Edições Loyola. 2000.
↑ ab Estevão Bettencourt. «Papa Alexandre VI (1492-1503)». Revista "Pergunte e Responderemos". Consultado em 22 de março de 2014
↑ Charles Haddon Spurgeon, The Treasury of David (1869-85), Salmos, Capítulo 28 [em linha]
↑ ab Rust, Leandro Duarte (2015). Mitos papais: política e imaginação na história. Petrópolis: Vozes. p. 178. ISBN 978-85-326-4978-2
↑ «Leia trecho de Alexandre VI - Bórgia o Papa Sinistro». Livraria da Folha, UOL. Consultado em 22 de março de 2014
↑ Antonio Gaspari. «Uma leitura que reavalia o papa Alexandre VI». Consultado em 22 de março de 2014
Precedido por Inocêncio VIII | Papa 214.º | Sucedido por Pio III |
Ligações externas |
- Commons
- Commons
- Wikiquote
- Pecados do Papa, Revista Veja.
- História da Igreja: O Papa Alexandre VI.
Alessandro Vi in Enciclopedia dei Papi. (em italiano)
Catholic Encyclopedia (1913), Volume 1, Pope Alexander VI. (em inglês)