Estação Ferroviária da Trofa (antiga)
Nota: Este artigo é sobre a antiga estação ferroviária. Se procura a nova estação ferroviária, inaugurada em 2010, veja Estação Ferroviária da Trofa.
Trofa | |
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Encerramento | 14 de Agosto de 2010 |
Linha(s) | Linha do Minho (PK 22,854) L.ª de Guimarães (PK 26,155) |
Coordenadas | 41° 20′ 22,25″ N, 8° 33′ 15,11″ O |
Concelho | Trofa |
A Estação Ferroviária de Trofa é uma antiga interface da Linha do Minho, que servia a localidade de Trofa, no Distrito do Porto, em Portugal. Também serviu como ponto de entroncamento com a Linha de Guimarães. Foi encerrada em 2010, tendo sido substituída por uma nova gare ferroviária.[1]
Índice
1 Descrição
1.1 Vias e plataformas
2 História
2.1 Inauguração e união à Linha de Guimarães
2.2 Ligação à Linha da Póvoa
2.3 Declínio e encerramento
3 Ver também
4 Referências
5 Ligações externas
6 Bibliografia
7 Leitura recomendada
Descrição |
Vias e plataformas |
Segundo o Directório da Rede 2011, publicado pela Rede Ferroviária Nacional em 2010, a estação da Troa apresentava três vias de circulação, com 286, 274 e 95 m de comprimento; as duas plataformas tinham 140 e 100 m de extensão, e 25 cm de altura.[2]
História |
Inauguração e união à Linha de Guimarães |
Esta estação inseria-se no lanço entre Porto e Braga, que foi inaugurado em 21 de Maio de 1875, em via ibérica.[3] Em 31 de Dezembro de 1883, entrou ao serviço o primeiro tramo da Linha de Guimarães, da Trofa a Vizela, em bitola métrica.[4][3][5] Originalmente, a Linha de Guimarães partilhava a plataforma com a Linha do Minho, no sistema de via algaliada, no lanço entre a Trofa e Lousado, com cerca de dois quilómetros de extensão.[5][6] No entanto, esta solução, que visava evitar a construção de uma ponte sobre o Rio Ave para a via estreita, criou graves problemas em ambas as linhas, ao criar um ponto de estrangulamento de tráfego.[7]
Ligação à Linha da Póvoa |
Desde os princípios do Século XX, que se procurou ligar a Linha de Guimarães com a da Póvoa de Varzim, criando assim uma extensa rede em via estreita que facilitaria as comunicações entre a cidade do Porto com a província do Minho.[8] Um despacho ministerial de 22 de Junho de 1909 autorizou a fusão da Companhia do Caminho de Ferro do Porto à Póvoa e Famalicão com a Companhia do Caminho de Ferro de Guimarães, com a construção de um ramal entre Lousado e Mindelo, de forma a ligar as duas linhas, e o encerramento do lanço entre Lousado e a Trofa.[8] Porém, este processo foi interrompido pela Primeira Guerra Mundial, que tornou impossível reunir os recursos financeiros necessários.[8] Na Década de 1920, a Companhia da Póvoa retomou as suas tentativas, mas mudou os planos para o ramal que ligaria as duas linhas, que desta vez deveria começar na Trofa, continuando desta forma a Linha de Guimarães, e terminar na Senhora da Hora.[9] Este traçado permitia conservar a passagem pela Trofa, aproveitando desta forma as instalações já existentes, possibilitava um acesso mais directo ao Porto de Leixões, e fazia a linha atravessar regiões mais povoadas.[9] Em 5 de Julho de 1926, a Companhia da Póvoa, em combinação com a Companhia de Guimarães, pediu que lhes fosse autorizada a construção e exploração do troço a partir da Trofa,[5] requerimento que foi aceite pelo Decreto 12:568, de 26 de Outubro de 1926, com várias condições, incluindo a mudança para via própria do lanço da linha de Guimarães entre Lousado e Trofa.[10]
Em Fevereiro de 1932, já tinham sido concluídas as obras no troço da Senhora da Hora à Trofa[11], que entrou ao serviço em 14 de Março desse ano.[12][3] Para a inauguração deste troço, foi organizado um comboio especial de Porto - Boavista a Guimarães, que foi recebido pela multidão quando chegou à Trofa.[13] Para a inauguração, a estação foi decorada com colchas de damasco.[13]
Em 2 de Maio de 1937, os antigos combatentes dos Sapadores de Caminhos de Ferro organizaram um comboio especial da Trofa a Guimarães, para o banquete de confraternização anual.[14]
Declínio e encerramento |
Em 24 de Fevereiro de 2002 foi encerrado o troço da Linha de Guimarães entre a Senhora da Hora e Trofa, para ser convertido numa linha do Metro do Porto.[15] Com efeito, o canal por onde seguia a linha foi transferido da REFER para a Metro do Porto.[15] Contudo, as obras acabaram por só avançar entre a Senhora da Hora e o ISMAI, troço que ficou concluído em 2006, integrado na Linha C do Metro do Porto. Com efeito, desde 2002 que o troço da Linha de Guimarães entre o ISMAI e a Trofa se mantém sem qualquer tráfego ferroviário, pesado ou ligeiro, o que tem gerado descontentamento na região, principalmente depois de em 2010 a empresa Metro do Porto ter retirado do seu plano de atividades o prolongamento da Linha C desde o ISMAI até à Trofa.[15]
Em 2006, os serviços foram reduzidos nesta estação, o que levantou críticas à operadora Comboios de Portugal[16], e em 2008 e 2009 os utentes reprovaram a falta de condições da estação em termos de segurança e de higiene, e os horários das bilheteiras.[17][18]
Foi encerrada em 14 de Agosto de 2010, passando todos os serviços a serem realizados na nova estação da Trofa, que foi inaugurada no dia seguinte; para assinalar o término dos serviços, a autarquia da Trofa organizou nesse dia um serviço especial, que partiu desta estação com destino a São Romão do Coronado, passando pelo Apeadeiro de Senhora das Dores.[1]
Em Fevereiro de 2010, foi anunciado que o edifício da Câmara Municipal da Trofa iria ser construído na zona da antiga estação ferroviária.[19]
Ver também |
- Comboios de Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
↑ ab COSTA, Ana Correia (14 de Agosto de 2010). «Ansiosos por estrear a linha». Jornal de Noticias. Consultado em 18 de Agosto de 2010 [ligação inativa]
↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2011. Rede Ferroviária Nacional. 25 de Março de 2010. p. 67-89
↑ abc «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 5 de Agosto de 2013
↑ REIS et al, 2006:12
↑ abc «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (933). 1 de Novembro de 1926. p. 326. Consultado em 3 de Novembro de 2013
↑ SOUSA, José Fernando de (1 de Abril de 1935). «Interêsse Regional e Nacional: A Transversal de Trás-os-Montes» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1135). p. 150-151. Consultado em 3 de Novembro de 2013
↑ SOUSA, José Fernando de (16 de Fevereiro de 1937). «Um caso lamentável: A Ponte do Ave na Linha do Minho» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 49 (1180). p. 99-100. Consultado em 3 de Novembro de 2013
↑ abc «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (934). 16 de Novembro de 1926. p. 343-344. Consultado em 3 de Novembro de 2013
↑ ab «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (935). 1 de Dezembro de 1926. p. 358-359. Consultado em 3 de Novembro de 2013
↑ PORTUGAL. Decreto n.º 12:568, de 26 de Outubro de 1926. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos, Paços do Governo da República. Publicado no Diário do Governo n.º 242, de 29 de Outubro de 1926
↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1238). 16 de Julho de 1939. p. 345. Consultado em 22 de Outubro de 2015
↑ «A Direcção-Geral dos Caminhos de Ferro e o Ano Findo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1081). 1 de Janeiro de 1933. p. 15-16. Consultado em 28 de Outubro de 2011
↑ ab «A Visita do Chefe de Estado ao Norte e a Inauguração do Túnel da Trindade e Linha da Senhora da Hora à Trofa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 45 (1062). 16 de Março de 1932. p. 135-143. Consultado em 8 de Fevereiro de 2016
↑ «Sapadores de Caminhos de Ferro: Os Antigos Combatentes na Flandres» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 49 (1186). 16 de Maio de 1937. p. 255-259. Consultado em 22 de Outubro de 2015
↑ abc Silva, Samuel (14 de novembro de 2010). «O comboio foi-se há muito. O metro talvez nunca venha a chegar». Público. Consultado em 31 de maio de 2018
↑ MARTINS, Hermano (27 de Abril de 2006). «CP diminuiu serviços na Trofa». Notícias da Trofa. Consultado em 18 de Agosto de 2010 [ligação inativa]
↑ COSTA, Ana Correia (14 de Janeiro de 2009). «Virtudes e defeitos na estação». Jornal de Noticias. Consultado em 18 de Agosto de 2010 [ligação inativa]
↑ MARTINS, Hermano (17 de Abril de 2008). «Estação da CP envergonha a Trofa!». Notícias da Trofa. Consultado em 18 de Agosto de 2010 [ligação inativa]
↑ COSTA, Ana Correia; SOARES, Lisa (5 de Fevereiro de 2010). «Estação acolhe Câmara até agora retalhada». Jornal de Noticias. Consultado em 18 de Agosto de 2010 [ligação inativa] !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
Ligações externas |
Página com fotografias da estação de Trofa, no sítio electrónico RailPictures (em inglês)- Página sobre a antiga estação da Trofa, no sítio electrónico Wikimapia
Bibliografia |
REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link) !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
Leitura recomendada |
Variante da Trofa. Lisboa: Rede Ferroviária Nacional E. P. 2010. 106 páginas. ISBN 978-972-98557-7-1