Irmãos Aguiar




João (Campos, 1783), José (Campos, 1786) e Francisco (Rio de Janeiro, 1788) de Aguiar foram os dirigentes informais do distrito brasileiro de Três Irmãos.


Foi durante os anos de 1813 até 1883, com a morte de Francisco Aguiar e a construção da Estação Ferroviária de Três Irmãos. Os irmãos moravam em Campos, com a família de origem portuguesa, cujo patriarca era um comerciante falido. Logo que chegaram à vila Santo Antônio, futura Três Irmãos, desenvolveram um importante plantio cafeeiro.


Os irmãos Aguiar tornaram-se figuras importantes no cenário político do Norte Fluminense da época, já que estiveram em destaque social, econômico e político e nesse tempo conquistaram grande poder regional. Os biógrafos afirmam que seu sucesso deu-se devido ao talento como estrategista de João Aguiar, o atenção de José para a cultura e artes e o espírito de liderança e bravura de Francisco.




Índice






  • 1 João Aguiar


  • 2 José Aguiar


  • 3 Francisco Aguiar


  • 4 Vila Santo Antônio


    • 4.1 Itinerário


    • 4.2 Desenvolvimento sócio-econômico


    • 4.3 Casos populares




  • 5 Legado


  • 6 Ver também


  • 7 Referências





João Aguiar |


João Domingos Aguiar de Santo Antônio foi um jornalista brasileiro, ativo abolicionista e republicano, ao tempo do Império. Filho de Domingos Aguiar, compartilhou com o pai a perda da mãe aos quinze anos e a falência dos negócios comerciais. A família Aguiar fazia sucesso no Leste Fluminense com os negócios comerciais de Domingos, mas, após um golpe, os Aguiar perderam tudo, no ano de 1803, quando João tinha vinte anos.


Estudou na Universidade Politécnica, se formou como engenheiro e voltou para Campos a pedido de seu pai, que queria o talento do filho para ajudar nos negócios da família. Mesmo com sua chegada, o golpe havia corrompido todo o trabalho da família. Nesse cenário, Francisco alista-se no Exército e José foge para São Paulo, ao passo que João fica em Campos apoiando o pai. No entanto, foi o filho mais velho que mais deu problemas: João passou a se envolver com os primeiros republicanos de Campos, apoiando revoltas como a Inconfidência Mineira.


Numa tarde de 1810, um manifesto aparece no jornal principal de Campos, criticando o governo português, sua Corte e exaltando a República e a Abolição da Escravatura. Como autor, vinha João Domingos Aguiar. Perseguido pela policia imperial, João teve de trocar Campos por uma vila de pescadores em Niterói, chamada Jurujuba. Depois, fugiu para um lugar no Rio de Janeiro, que até então não se passava de um grande areal longe de tudo e pouco habitado: Copacabana.


João viveu ali durante um ano, até ser encontrado pelo também desiludido irmão José, e então partiu para o Norte Fluminense.



José Aguiar |


José Vicente Aguiar foi um escritor e aventureiro brasileiro, famoso pelo seu caráter boêmio, cortejador de mulheres e de amante das noites. Mesmo com essas características, José foi um grande incentivador da cultura, projetando monumentos para o Rio de Janeiro, como o Palácio de Bourbon e o Arco da Liberdade, e para Três Irmãos, como o Solar dos Colonos e o Obelisco de Ouro.


Nasceu no primeiro dia do Carnaval do ano de 1786, o que o povo triirmanense considerava o motivo da sua fama libertina. Interrompeu as duas carreiras que iniciou – a militar e a eclesiástica, por ter se envolvido com mulheres casadas – e levou uma vida acidentada.


Numa aura mágica que envolve toda a sua vida de debochado, libertino, colecionador de mulheres, escroque e conquistador empedernido que percorria os bordéis do Rio de Janeiro, José viveu de maneira atordoada, começando pelo fato de ser considerado filho bastardo, mesmo o pai negando.


Fugiu de Campos para não ter de arrumar emprego por causa da falência nos negócios da família, e partiu para o Rio de Janeiro, onde passava as noites em bordéis, para não ter que arrumar alguma pensão. Mas uma vez, se envolveu com mulheres erradas e teve que fugir da capital. Ao se encontrar subitamente com o irmão João, refugiou-se com ele em Copacabana.



Francisco Aguiar |




Gabriela Aguiar de Santo António.


Júlio Francisco Aguiar era o caçula da família. Ele nasceu no Rio de Janeiro, numa viagem de negócios do pai, e logo foi para Campos. Aos quinze anos, Domingos Aguiar se empolga com os lucros e manda o filho de volta para o Rio de Janeiro, onde ficou sob tutela do padrinho Joaquim Aguiar, que era Cabo do Exército. Inicia-se aí o fascínio pelas Forças Armadas e pelo espírito heróico.


Não fez estudos regulares, mas aprendeu com Joaquim técnicas de engenharia, jornalismo, direito; fazia treinamentos e exercícios regulares; aprendeu latim, italiano, espanhol, francês, inglês e alemão; e passava suas noites lendo livros e aprendendo sistemas administrativos e econômicos.


Quando voltou para Campos, aos 20 anos, destacou-se como cirurgião, mas em seis meses preferiu voltar ao Rio e se alistou no Exército. Se casou com Gabriela dos Santos, futura Gabriela Aguiar de Santo António. No mesmo ano, chegava ao Brasil a família real, e Francisco foi convidado a ser guarda pessoal de Dom João VI. Em pouco tempo, ele percebe que seu oficio servia apenas para administrar intrigas palacianas entre Carlota Joaquina e Dom João VI. Decepcionado, vai em busca de seu irmão João. Encontra-o em Copacabana, junto com José. Os três passam a viver juntos, isolados naquele imenso areal do Rio.



Vila Santo Antônio |


João, José e Francisco decidem planejar sistemas econômicos para recuperar o dinheiro da família. Após longos cinco meses e dois quilos de papéis, os irmãos partem ao norte, para cultivar café a margem do rio Paraíba do Sul, o maior pólo cafeeiro. A região era famosa por possuir uma das terras mais férteis.



Itinerário |





Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói, onde os irmãos estiveram presos.


Os irmãos começaram a longa viagem atravessando a Baía de Guanabara e indo para Niterói, para não passar pelo centro do Rio. Em Niterói, foram presos na Fortaleza de Santa Cruz, mas logo foi percebido o engano: o procurado era outro criminoso… Ainda em Niterói, os irmãos ficaram fascinados com a Pedra do Índio e a incrível semelhança com o perfil indígena. Talvez por essa estada, os irmãos iriam construir pequenos acordos diretos com Niterói.


Pelo resto da Guanabara, os irmãos Aguiar atravessaram Neves, Ponta da Pedra, Manilha, Itaboraí e Sambaetiba . Quando começaram a subir a serra, passaram a sentir falta de cavalos próprios. Assim, compraram os cavalos Bravo, Belo e Bonito, que os acompanharam até a Vila Santo Antônio.


Em Cachoeiras de Macacu, eles subiram a Serra do Mar e avistaram o Rio Paraíba. Os Aguiar, passando por Nova Friburgo e Cantagalo, chegaram às margens do rio. Ali fizeram uma plantação, que deu certo e rapidamente estava pronta para ser moída. Então João Aguiar perguntou: do que é o café sem os moedores?. A frase logo foi incorporada a um sentido simbólico e João entrou na historia como um pensador que privilegiava as conseqüências.


Deixaram o enorme terreno aos ventos e continuaram o trajeto, até alcançar Itaocara. A cidade era bastante notável na região, e então eles por ali ficaram. Todavia, não encontravam um terreno de tamanho suficiente, até que ouviram falar de tal Vila Santo Antônio, com cerca de 100 habitantes e com uma grande fertilidade.



Desenvolvimento sócio-econômico |


Mais uma vez, os irmãos Aguiar seguiram o curso do rio até encontrar uma pequena Capela, no ano de 1813. Desceram dos cavalos e viram um padre de estatura média, de voz grossa e com cerca de cinqüenta anos, orando junto com toda a população. Os habitantes locais logo perceberam a presença dos três “fidalgos” bem vestidos, montados em imponentes cavalos. O padre os acolheu de uma maneira bastante hospitaleira e os deixou dormir na Capela.


Antes de o sol nascer, estavam João e Francisco passeando pela vila e projetando as plantações. Devido às contradições das opiniões, os dois resolveram desenvolver os próprios cultivos.


João optou pela área onde hoje é o Estádio Maranduba, José pelo terreno baldio localizado na atual Pracinha e Francisco optou por plantar café em baixo do Belomonte, onde hoje está o Mirante de Santo Antônio.


Os irmãos tiveram alguns desafios, entre eles:



  • Combater a resistência indígena, que contava com o apoio do Padre Antônio. Os irmãos resolveram não resistir e oferecer terras boas.

  • Desenvolver um sistema comercial que ligasse Vila Santo Antônio até Itaocara, e de Itaocara para o Brasil.

  • Oferecer bons salários à mão de obra, bastante escassa, e tentar qualifica-la.

  • Unir as plantações sem causar conflitos internos.


Apesar dos problemas ocorridos, João, José e Francisco conseguiram atingir patamares altíssimos. Em 1820, Francisco ordenou a construção do Coreto Vila Nova, dos paralelepípedos nas ruas de areia e da planificação de muitas regiões, como as ruas, as plantações e outras áreas desabitadas.


Logo, o poderio involuntário dos irmãos cresceu tanto que, em todas as manhãs, apareciam pessoas nas portas de usas casas para pedir ajuda. Todas as semanas, os irmãos, o padre e mais dois habitantes iam num conselho na Capela, para decidir importantes fatores da pequena vila e evitar alguma rebelião.


Mas o assédio era tanto que João resolveu construir o Conselho de Vila Santo Antônio, num pequeno palacete. O Conselho acabou tornando-se a casa dos irmãos, e o local ficou conhecido como Solar dos Colonos. A importância cresceu de tal forma que o nome da vila passou a ser Vila dos Três Irmãos.


Na tarde de 1835, morreu José Aguiar. Ele foi homenageado pela população pelas suas obras culturais e ambientais. João Aguiar morreu em 1845, após um súbito derrame cerebral. João, o pensador, como ele ficou famoso, teve em sua homenagem uma estatueta, presa do Coreto Vila Nova. A homenagem foi roubada e nunca mais foi encontrada.


No ano de 1881, foi inaugurada a Estação Ferroviária de Três Irmãos, elaborada por Francisco. Como contradição, a estação trouxe apenas tragédias na vida do ultimo sobrevivente da família Aguiar: com a estação, Itaocara resolveu prestar atenção no distrito e retirou de Francisco toda seu poder e legado: mandou queimar as plantações; destruir o Solar dos Colonos; e desabou as casas dos três irmãos. O município chegou a tentar voltar o nome para Vila Santo Antônio, mas a população não possibilitou.



Casos populares |


Em 1815, o Padre Antônio passou em todas as cidades próximas coletando dinheiro para ampliar a Praça Vila Nova, a fim de realçar a Capela de Santo Antônio. Quando o padre voltou da viagem com o dinheiro, José Aguiar propôs a edificação de uma casa de espetáculos, com dançarinas cariocas. O padre, assustado com a idéia de fundar um prostíbulo na vila, expulsou João das atividades sociais. Para se redimir, José mandou construir uma pequena praça em homenagem ao padre, além de construir 50 casas para muitos moradores.


A preocupação cultural de José era tanta que ele decidiu realizar um antigo sonho: o Teatro da Vila Nova. E assim foi feito: convocou vários moradores de diversas cidades e edificou um dos mais belos teatros do Norte Fluminense. No entanto, o governo de Itaocara mandou destruí-lo, para que o libertino não deixasse rastros.


Outro caso famoso foi o da idealização de João Aguiar de criar uma Academia de Artes Fluminense, para reunir os grandes intelectuais, artistas e escritores do Rio de Janeiro. O rei Dom João VI permitiu a fundação, mas não assumiu responsabilidades. Com três meses passados após o inicio da construção do Prédio-Sede, João morreu. Os outros irmãos não tinham experiência e preferiram não arriscar. O plano fora apagado e nunca mais se cogitou esta idéia, a não ser no século XIX, por Machado de Assis.


José Aguiar extrapolou todos seus sonhos em realizar, no ano de 1830, a Venise Carnevale, que resgatava os bailes animados de Veneza da época do Carnaval. O população vestiu trajes europeus dados pelo cafeicultor cultural e todos se esbaldaram no baile de máscaras.


Com a importância e a idéia de soberania que Três Irmãos concedia aos Aguiar, os irmãos ficaram famosos como Alcaides da Vila, mas tarde, Irmãos Barões, trocadilho com os barões do café.



Legado |


Grande parte do legado Aguiar fora apagado por Itaocara. No entanto, o mito dos Irmãos Aguiar ainda sobrevive e se torna concreto no nome da cidade. Além disso, cogita-se a idéia da edificação das construções dos irmãos, como por exemplo um novo Solar dos Colonos, Teatro da Vila Nova, Obelisco de Ouro e muitos outros.


De forma bem notória, grande parte do desenvolvimento da cidade deve-se a eles, que fizeram de Três Irmãos a capital do Norte Fluminense, mas que tiveram sua memória apagada.



Ver também |



  • Três Irmãos

  • Campos dos Goytacazes

  • Rio de Janeiro

  • Fortaleza de Santa Cruz

  • Padre António



Referências |




  • Cambuci, 200 anos, de Almir Pinto de Azevedo


  • Estradas de Ferro do Brasil, Cyro Pessoa Jr., (1886)



  • Portal do Rio de Janeiro



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