Companhia Paulista de Estradas de Ferro
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Companhia Paulista de Estradas de Ferro | |
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A Estação de Campinas, uma das mais importantes da Companhia Paulista. | |
Abreviações | CPEF ou CP |
Área de operação | São Paulo |
Tempo de operação | 1868–1971 |
Antecessora | Companhia Rio Claro, e The Rio Claro Railway Company |
Sucessora | Fepasa, e RFFSA |
Bitola | 1,600 mm (tronco) e 1,600 mm e 1,000 mm (ramais) |
Sede | Jundiaí (operacional) e São Paulo (administrativa), São Paulo, Brasil |
A Companhia Paulista de Estradas de Ferro (CPEF, também chamada Companhia Paulista de Vias Férreas e Fluviais) foi uma companhia ferroviária brasileira situada no estado de São Paulo. Ela ficou conhecida pelo seu alto padrão de qualidade no atendimento ao público. A preocupação com a pontualidade era tão grande que as pessoas diziam que acertavam os relógios na chegada dos trens.
Índice
1 História
1.1 Fundação: Jundiaí–Rio Claro
1.2 Rio Claro–São Carlos
1.3 Expansão
2 Modernização e eficiência
2.1 Manutenção
2.2 Sindicato
2.3 Decadência
3 Frota
4 Linhas
5 Ver também
6 Referências
7 Bibliografia
8 Ligações externas
História |
Fundação: Jundiaí–Rio Claro |
A ferrovia foi idealizada, em 1864, por um grupo de fazendeiros, negociantes e capitalistas que necessitavam de um meio de escoar o café cultivado no interior do estado de São Paulo. Estes pretendiam que a São Paulo Railway, a "Inglesa" ou "Santos-Jundiaí", levasse seus trilhos até a então São João do Rio Claro (atual Rio Claro), já que detinha a concessão para tal.
A decisão de fundar a "Companhia Paulista" surgiu após a São Paulo Railway declarar que não seria possível prolongar a ferrovia adiante, nem sequer até a cidade de Campinas, devido às perdas com a Guerra do Paraguai. Os trilhos da São Paulo Railway chegaram só até Jundiaí. Nesta cidade começou-se a construir os trilhos da Companhia Paulista rumo ao interior de São Paulo.
O presidente da província de São Paulo na época, Joaquim Saldanha Marinho, teve atuação fundamental na fundação da Companhia Paulista, aglutinando no mesmo ideal os capitalistas e fazendeiros que se digladiavam por interesses políticos naquele momento.[1]
A Companhia Paulista foi então fundada no dia 30 de janeiro de 1868, sob a presidência de Clemente Falcão de Sousa Filho, porém as obras de construção da linha iniciaram-se mais de um ano após essa data, após as aprovações dos estatutos da Companhia Paulista pelo Governo Imperial. Finalmente, no dia 11 de agosto de 1872, com uma bitola de 1,60 metros, chamada "bitola larga", foi inaugurado o primeiro trecho, entre Jundiaí e Campinas.
Rio Claro–São Carlos |
Os seus trilhos foram avançando pelo interior adentro, chegando a Rio Claro em 1875 e a Descalvado em 1876. Porém, seu crescimento foi posto em xeque quando a Companhia Paulista não aceitou dobrar-se a interesses políticos que impunham que o traçado do prolongamento a São Carlos passasse pelo Morro Pelado (atual Itirapina) para atender a fazendeiros influentes, sediados na vizinha Itaqueri da Serra e também na chamada "Itaqueri de Baixo".
Da mesma forma, por critérios políticos, na gestão de Laurindo Abelardo de Brito como presidente da província de São Paulo, a Companhia Paulista ficou impedida de prolongar suas linhas até Ribeirão Preto, diretriz natural da então linha tronco, que acabou findando em Descalvado.
Tal prolongamento foi concedido à Companhia Mogiana, numa evidente "quebra" de seu traçado original. Foi, então, fundada a Companhia Rio Claro, que levou a concessão do prolongamento a São Carlos e Araraquara, com um ramal para Jaú e Bauru partindo de Itirapina.[2] O projeto ficou a cargo do engenheiro Antonio Francisco de Paula Souza.[3]
Alguns anos após, foi proposta, pela Companhia Rio Claro que pertencia a família "Arruda Botelho" do Conde do Pinhal e ao Major Benedito Antonio da Silva[4][5], a fusão desta com a Companhia Paulista, porém as bases propostas para tal transação não foram aceitas pela Companhia Paulista, através de seu então presidente Fidêncio Nepomuceno Prates, apesar de ter havido recomendação de membros do seu corpo técnico que vistoriaram as instalações da Companhia Rio Claro, para que a fusão se concretizasse.
Logo após este fato, a Companhia Rio Claro foi vendida para a "The Rio Claro São Paulo Railway Company", com sede em Londres, que dotou a linha de várias melhorias e construiu novos ramais.
Devido a rumores de uma possível fusão da "The Rio Claro" com a Companhia Mogiana, a diretoria da Companhia Paulista, através de seu presidente Conselheiro Antônio da Silva Prado autorizou a compra da "The Rio Claro" no ano de 1892, pela quantia de 2.775.000 libras esterlinas, com um empréstimo de 2.750.000 libras obtido em Londres e 25.000 libras no ato da compra.[4][6]
Expansão |
Em 1891, a Companhia Paulista adquiriu duas pequenas ferrovias em bitola de 0,60m que se avizinhavam de suas congêneres a Companhia Rio Claro e a Mogyana: a Companhia Descalvadense e a Companhia Ramal Ferreo de Santa Rita.
A partir daí, a Companhia Paulista pôde estender suas linhas interior afora, ficando tributárias de um riquíssimo setor do estado limitado entre os rios Moji-Guaçu e do Peixe, tendo também como tributárias ferrovias como a Companhia Douradense, Noroeste do Brasil, Estrada de Ferro Araraquara, São Paulo-Goiás, Mogiana, Funilense e Ramal Férreo Campineiro.
Ao receber em 1 de abril de 1892 as linhas da Rio Claro Railway, a Companhia Paulista dividiu sua malha em duas secções: a Paulista que contava com a bitola larga e as duas pequenas linhas de bitola de 0,60m, e a Rio Claro, com todas as linhas de bitola métrica.
A partir dai, a Paulista desenvolveu e muito, a infraestrutura recebida dos ingleses, ampliando e melhorando as Estações, como as de Rio Claro (que foi integralmente reconstruída, com amplas gares) e São Carlos (que sofreu, em seu corpo original, muitas ampliações e a instalação de armadura metálica de sua ampla gare) e o lastreamento de pedra da via permanente, dentre outros itens de muita importância.
A CP sempre emprestou apoio as empresas dela tributárias como as Companhias Dourado, São Paulo-Goyaz/Pitangueiras, Jaboticabal, Morro Agudo e Barra Bonita, chegando ao ponto de adquirir, desde os anos 30, participações acionárias daquelas Estradas, acabando por ser majoritária das cinco aqui mencionadas. Uma delas, a Pitangueiras, que houvera sido anteriormente integrada por incorporação à São Paulo-Goyáz e, posteriormente, em vista de sua falência, organizada sob a denominação de Companhia Ferroviária São Paulo-Goyáz, vendeu em 1927 à Paulista, sua Secção Pitangueiras, para que a Ferrovia-Padrão pudesse se servir do traçado da primitiva E.F. Pitangueiras, desde Passagem até Ibitiuva e daí até Bebedouro, como opção mais adequada ao prolongamento da bitola larga de Rincão a Barretos e ao Porto do Cemitério (posteriormente Colômbia), às margens do Rio Grande. Acreditando no potencial da indústria invernista do norte do Estado, a Paulista organizou com terceiros a Companhia Frigorífica e Pastoril (CFP), que foi repassada depois ao capital estrangeiro, origem da S.A. Frigorífico Anglo.
Modernização e eficiência |
Utilizando-se de profundos estudos da lavra de Francisco Paes Leme de Monlevade, brilhante Inspetor Geral da Companhia Paulista, empreendeu a partir de 1920 a eletrificação de suas linhas, na tensão de 3 KVCC, estendendo a utilização da "hulha branca" em sua linha tronco de Jundiaí até Campinas (1922) e daí até Rio Claro (1926). Ciente da máxima de Monlevade de que "se não eletrificasse suas linhas, não distribuiria mais dividendos", prolongou este notável melhoramento de Rio Claro a Rincão (1928) e, no Ramal de Jaú, de Itirapina a Jaú (1941) e daí a Pederneiras (1947) e Bauru (1948). O limite deste avanço deu-se entre Bauru a Cabrália-Paulista em 1954, ano da entrega do alargamento de bitola na linha de Bauru a Marília. Interessante observar que estudos apontavam a extensão da eletrificação até Tupã, indicando, inclusive, que os Ramais de Piracicaba e Descalvado seriam eletrificados, chegando a este último, pelo menos, até a Estação de Pirassununga. O prolongamento da eletrificação até Garça chegou a ser iniciado mas abandonado e, por uma razão ou outra, os demais passos se resumiram aos estudos tão somente![7]
A Companhia Paulista foi pioneira em uma série de iniciativas no campo ferroviário brasileiro. Foi a primeira ferrovia a eletrificar suas linhas, a utilizar carros de aço para o transporte de passageiros (e posteriormente construindo-os em suas oficinas), fomentou a criação de hortos florestais para obtenção de dormentes e lenha (através dela o eucalipto foi introduzido no Brasil), bem como outras iniciativas de gestão até então inéditas no Brasil.[6]
Seus trens de passageiros tornaram-se famosos pelo conforto oferecido e pela pontualidade em que operavam. O Trem "R" (Rápido) ou "Trem Azul", composto de carros de três classes (Pullman, Primeira e Segunda Classes) e restaurante, tornou-se lendário e determinou um padrão de conforto ainda não superado no Brasil, seja no transporte ferroviário (quase extinto) ou no rodoviário, mesmo em nossos dias.[8]
Manutenção |
A Paulista dispunha das Oficinas de Jundiaí (dedicada a manutenção média e pesada de locomotivas a vapor, elétricas e diesel elétricas) e Rio Claro (direcionadas a manutenção geral de carros e vagões).
Ao longo de suas cinco divisões possuía, inclusive, depósitos de locomotivas (dedicada a manutenção leve e média de locomotivas a vapor, elétricas e diesel elétricas), mencionando-se, dentre eles, os de Jundiaí, Campinas, Rio Claro, São Carlos (demolido), Rincão e Bebedouro.
Sindicato |
O primeiro sindicato de ferroviários, foi fundado na cidade de São Carlos em 1929, com o nome de "Sindicato dos Operários Ferroviários da Companhia Paulista de Estradas de Ferro", que posteriormente teve sua sede transferida para Campinas.
Decadência |
Durante a presidência de Juscelino Kubitschek, que provocou grandes transformações na economia brasileira, deu-se uma ênfase maior ao transporte rodoviário em detrimento do transporte ferroviário. Muitos consideram esse o principal motivo para a decadência da Companhia Paulista.[carece de fontes]
Em 1961, durante uma crise aguda provocada por uma série de greves, a empresa foi estatizada. Durante esta fase, perceberam-se os primeiros sinais de queda na qualidade de atendimento, já que muitos antigos empregados foram deixando a empresa, bem como passou a haver um afrouxamento dos controles, que se tornaram mais evidentes, devido aos critérios políticos que norteiam as decisões de qualquer empresa estatal.[carece de fontes]
Em 10 de novembro de 1971, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro foi incorporada à nova estatal FEPASA.
Frota |
Ver artigo principal: Frota da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
Linhas |
Linha | Inauguração | Distância de Jundiaí | Comprimento | Observações | ||
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Bitola de 1,60 m (Bitola Larga) | ||||||
Linha Tronco (Linha 1) | 11 de agosto de 1872 | 0 km | 506,655 km | |||
Linha Tronco Oeste(Linha 2) | 1 de julho de 1885 | 174,370 km | 613,432 km | |||
Ramal de Piracicaba | 14 de julho de 1917 | 78,387 km | 123,593 km | |||
Ramal de Descalvado | 10 de abril de 1877 | 116,965 km | 223,773 km | |||
Ramal de Santa Veridiana | 26 de novembro de 1891 | 189,882 km | 38,922 km | |||
Ramal de Baldeação | 1 de junho de 1913 | 228,370 km | 1,452 km | Construído para se conectar com a Companhia Mogiana | ||
Bitola de 1,00 m (Bitola Métrica) | ||||||
Ramal de Analândia | 15 de outubro de 1884 | 133,840 km | 40,610 km | |||
Ramal de Campos Sales | 19 de fevereiro de 1887 | 252,268 km | 41,371 km | |||
Ramal de Agudos | 7 de dezembro de 1903 | 302,613 km | 57,152 km | |||
Ramal de Água Vermelha | 1 de abril de 1892 | 206,308 km | 62,976 km | |||
Ramal de Pontal | 25 de março de 1903 | 357,370 km | 55,400 km | |||
Ramal de Jaboticabal | 6 de junho de 1892 | 285,759 km | 116,916 km | |||
Ramal de Terra Roxa | 11 de janeiro de 1927 | 377,995 km | 32,180 km | |||
Ramal de Ribeirão Bonito | 10 de maio de 1892 | 206,308 km | 212,477 km | |||
Ramal de Itápolis | 3 de junho de 1915 | 335,209 km | 27,066 km | Antiga Companhia Estrada de Ferro do Dourado | ||
Ramal de Bariri | 2 de junho de 1910 | 266,728 km | 62,552 km | Antiga Companhia Estrada de Ferro do Dourado | ||
Ramal de Jaudourado | 1 de janeiro de 1912 | 310,161 km | 40,535 km | Antiga Companhia Estrada de Ferro do Dourado | ||
Ramal de Dourado | 9 de maio de 1912 | 266,728 km | 14,423 km | Antiga Companhia Estrada de Ferro do Dourado | ||
Ramal de Nova Granada | março de 1911 | 397,983 km | 149,144 km | |||
Ramal de Barra Bonita | 15 de agosto de 1929 | 283,232 km | 12,504 km | Estrada de Ferro Barra Bonita | ||
Ramal de Luzitânia | 13 de março de 1916 | 349,418 km | 35,155 km | |||
Bitola de 0,60 m (Bitola Estreita) | ||||||
Ramal de Santa Rita do Passa Quatro | 15 de outubro de 1884 | 205,394 km | 48,458 | Antiga Estrada de Ferro Santa Rita | ||
Ramal de Descalvadense | 1 de Março de 1891 | 223,773 km | 13,840 km | Antiga Estrada de Ferro Descalvadense |
Ver também |
- Rede Ferroviária Federal
- Ferrovia Paulista S.A.
- Frota da Companhia Paulista de Estradas de Ferro
Referências
↑ Debes (1968).
↑ http://www.gorni.eng.br/Gorni_ElectroBras_2003.pdf
↑ Campos (2007).
↑ ab Pinto (1969)
↑ [1]
↑ ab Pinto (1903).
↑ http://www.angelfire.com/ar/ufa/ferrovia.html
↑ João Baptista Soares de Faria Lago. «Descrição dos trens de passageiros da Companhia». Consultado em 11 de agosto de 2007
Bibliografia |
- BEM, Sueli Ferreira de. Contribuição para estudos das estações ferroviárias paulistas. 1998. Dissertação (Mestrado em Estruturas Ambientais Urbanas) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998. link.
- CAMPOS, Cristina de. Ferrovias e saneamento em São Paulo. O engenheiro Antonio de Paula Souza da rede de infra-estrutura territorial urbana paulista, 1870-1893. 2007. Tese (Doutorado) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, USP, São Paulo, 2007. link.
- CAVALCANTI, F. R. "Companhia Paulista de Estradas de Ferro: Uma ferrovia modelo no Brasil". In: Centro-Oeste, s.d. link.
- DEBES, Célio. A caminho do Oeste: História da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. São Paulo: Indústria Gráfica Bentivegna Editôra, 1968.
- GRANDI, Guilherme. Café e Expansão Ferroviária: A Companhia E. F. Rio Claro (1880-1903). São Paulo: Annablume/FAPESP, 2007
- GRANDI, Guilherme. Estado e capital ferroviário em São Paulo: a Companhia Paulista de Estradas de Ferro entre 1930 e 1961. 2010. Tese (Doutorado em História Econômica) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. link.
- GIESBRECHT, R. M. "Estações Ferroviárias do Estado de São Paulo". In: Estações Ferroviárias do Brasil, s.d link.
- INOUE, L. M. Fim da Linha? Vilas ferroviárias da Companhia Paulista (1868-1961): uma investigação sobre história e preservação. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - USP, 2016. link.
- PÉREZ, Filemón. Album Illustrado da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. São Paulo, 1918. 5 partes: 1, 2, 3, 4, 5.
- PINTO, Adolfo Augusto Pinto. Minha Vida: Memórias de um Engenheiro Paulista. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1969.
- PINTO, Adolfo Augusto Pinto. História da Viação Pública de São Paulo (Brasil). São Paulo: Tipografia de Vanorden, 1903.
- SEGNINI, L. R. P. Ferrovia e ferroviários: uma contribuição para a analise do poder disciplinar na empresa. São Paulo: Ed. Autores Associados; Cortez Ed., 1982. link.
- TASSI, Rafael Prudente Corrêa. Locomotivas elétricas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro: Eletric locomotives of the Paulista Railway Company. Rio de Janeiro: Memória do Trem, 2015.
Ligações externas |
- Página com material sobre a ferrovia
- Ramais da Paulista
- Eletrificação nas ferrovias brasileiras
- Cartões-postais e álbuns de lembranças
- Locomotivas elétricas da Cia.