Panteão Nacional
Nota: Se procura o Panteão Real, veja Panteão da Dinastia de Bragança.
Panteão Nacional Igreja de Santa Engrácia | |
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Fachada principal da Igreja de Santa Engrácia | |
Nomes alternativos | Igreja de Santa Engrácia |
Tipo | Panteão |
Estilo dominante | Arquitetura maneirista Arquitetura barroca Arquitetura neobarroca |
Arquiteto | João Antunes Luís Amoroso Lopes |
Construção | 1568 |
Início da construção | 1682 |
Fim da construção | 1966 |
Inauguração | 7 de dezembro de 1966 |
Proprietário inicial | Igreja Católica |
Função inicial | Religiosa (igreja paroquial) |
Proprietário atual | Estado Português |
Função atual | Panteão Nacional (espaço museológico) |
Visitantes | 150.004 visitantes (2017) |
Diretor | Isabel Melo |
Religião | Católica |
Website | http://www.panteaonacional.gov.pt/ |
Património Nacional | |
Classificação | Monumento Nacional |
Data | 1910 |
DGPC | 71214 |
SIPA | 4721 |
Geografia | |
País | Portugal |
Cidade | São Vicente, Lisboa |
Coordenadas | |
Geolocalização no mapa: Lisboa Panteão Nacional |
O Panteão Nacional, criado por Decreto de 26 de setembro de 1836,[1] encontra-se instalado em Lisboa, na Igreja de Santa Engrácia.
É ainda reconhecido o estatuto de Panteão Nacional, sem prejuízo da prática do culto religioso, ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, ao Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha, e ao Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra.[2]
Índice
1 Objetivo
2 A ideia
3 Igreja de Santa Engrácia (Lisboa)
3.1 História
3.2 Túmulos
3.3 Breve cronologia
3.4 Visitas
4 Mosteiro de Santa Cruz (Coimbra)
5 Referências
6 Ver também
7 Ligações externas
Objetivo |
O Panteão Nacional destina-se a homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao País, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade.
As honras do Panteão podem consistir na deposição, no Panteão Nacional, dos restos mortais dos cidadãos distinguidos ou na afixação, no Panteão Nacional, de lápide alusiva à sua vida e à sua obra.[2]
A ideia |
A decisão de "panteonizar" ilustres figuras portuguesas não é recente. Em 1836, o então ministro Passos Manuel decreta a edificação de um Panteão Nacional mas sem local ainda escolhido. O objetivo na época seria dignificar os heróis que se sacrificaram na Revolução de 1820 e reerguer a memória coletiva para grandes homens entretanto caídos no esquecimento, como Luís de Camões. Para a memória coletiva dos portugueses, no entanto, o Mosteiro dos Jerónimos, o Mosteiro da Batalha ou mesmo São Vicente de Fora (com os sepultamentos de muitos dos Bragança e dos cardeais-patriarcas de Lisboa) permaneceram durante muito tempo como os verdadeiros panteões portugueses do que aquele que viria a ser definido oficialmente mais tarde.[3]
Igreja de Santa Engrácia (Lisboa) |
A Igreja de Santa Engrácia localiza-se na atual freguesia de São Vicente (subdivisão de São Vicente de Fora), em Lisboa, Portugal. Ainda incompleto, passa a ter o estatuto de monumento nacional em 1910 e depois a função de Panteão Nacional com a Lei n.º 520, de 29 de abril de 1916.[3][4]
Foi aberto ao público com esse estatuto depois de concluídas as suas obras a 1 de dezembro de 1966 com missa inaugural presidida pelo Cardeal Cerejeira e na presença do Presidente da República Américo Tomás e do Presidente do Conselho Oliveira Salazar.
Estilisticamente é considerado o primeiro monumento barroco no país, é coroado por um zimbório gigante (construção moderna segundo projeto de Luís Amoroso Lopes) e o seu interior está pavimentado com vários tipos de mármore colorido.
História |
O actual templo situa-se no local de uma igreja erguida em 1568, por determinação da Infanta D. Maria,[3] filha de D. Manuel I, para receber o relicário da virgem mártir Engrácia de Saragoça e por ocasião da criação da freguesia de Santa Engrácia. Essa antiga igreja fora construída no local de um templo de meados do século XII[5] mas foi severamente danificada por um temporal no ano de 1681. A primeira pedra do actual edifício é lançada no ano seguinte, em 1682. As obras perduraram tanto tempo que deram azo à expressão popular "obras de Santa Engrácia" para designar algo que nunca mais acaba. A igreja só foi concluída em 1966, 284 anos após o seu início, por determinação expressa do governo da época,[3] após avanços e recuos na sua construção e até ter servido de armazém de armamento do Arsenal do Exército e de fábrica de sapatos nos séculos XIX e XX.
Aliada à dita expressão popular, também está ligada uma outra história. Nos registos da paróquia local, há referências ao 'Desacato de Santa Engrácia', ocorrido a 15 de janeiro de 1630, envolvendo o jovem Simão Pires Solis.[5] Conta-se que era cristão-novo e foi acusado de roubar o relicário de Santa Engrácia.[5] Simão fora denunciado ao Tribunal do Santo Ofício pelos vizinhos das redondezas, uma vez que era frequentemente visto à noite perto daquela zona. Não querendo revelar os verdadeiros motivos que o faziam estar tantas vezes à noite ali por perto, e apesar de se declarar inocente, fora condenado à fogueira no Campo de Santa Clara, a 31 de janeiro de 1631.[6] Antes de morrer, e ao passar pela Igreja de Santa Engrácia, lança-lhe uma maldição, dizendo "É tão certo morrer inocente como as obras nunca mais acabarem!“. Só mais tarde é que o verdadeiro assaltante é identificado e percebido o motivo pelo qual Simão nada dissera de concreto em sua defesa: estava enamorado de uma jovem fidalga, Violante, freira no Convento de Santa Clara, próximo a Santa Engrácia, e tinham pretendido fugir juntos naquela noite uma vez que o seu relacionamento era proibido pelo pai da moça.[5]
Túmulos |
Como Panteão Nacional abriga os cenotáfios de heróis da História de Portugal, sendo estes: D. Nuno Álvares Pereira, Infante D. Henrique, Pedro Álvares Cabral, Afonso de Albuquerque, Luís de Camões e Vasco da Gama.
Entre as personalidades ilustres que aí estão sepultadas, encontramos sobretudo presidentes da República e escritores. As excepções são Humberto Delgado, Eusébio da Silva Ferreira e a fadista Amália Rodrigues. Os restos mortais da fadista foram trasladados depois de se alterarem as disposições legais que apenas permitiam a trasladação para o Panteão Nacional quatro anos após a morte.
As personalidades sepultadas são:
Almeida Garrett (1797-1854), escritor e político;
Amália Rodrigues (1920-1999), fadista;
Aquilino Ribeiro (1885-1963), escritor;[7][8][9][10][11]
Eusébio da Silva Ferreira (1942-2014), futebolista;
Guerra Junqueiro (1850-1923), escritor;
Humberto Delgado (1906-1965), opositor ao Estado Novo;
João de Deus (1830-1896), escritor;
Manuel de Arriaga (1840-1917), presidente da República;
Óscar Carmona (1869-1951), presidente da República;
Sidónio Pais (1872-1918), presidente da República;
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), escritora;
Teófilo Braga (1843-1924), presidente da República
Em 2011 foi solicitada a trasladação[12] dos restos mortais de Passos Manuel (1801-1862), incontornável figura do ensino, da política portuguesa do século XIX e mentor, afinal, da criação de um Panteão Nacional para Portugal, que acabou por não ocorrer devido a restrições orçamentais.[13] O mesmo aconteceu com o famoso compositor Marcos Portugal (1762-1830), pouco depois. Em 2014 a Assembleia da República comunicou oficialmente a sua intenção em trasladar o corpo de Sophia de Mello Breyner Andresen, (1919-2004) com a unanimidade de todos os grupos com assento parlamentar e com o apoio posterior da sua família.[14] A cerimónia ocorreu a 2 de julho do mesmo ano.
A 20 de Fevereiro de 2015 a Assembleia da República aprovou por unanimidade a transladação de Eusébio da Silva Ferreira que aconteceu a 3 de Julho do mesmo ano. Foram concedidas honras de Panteão Nacional aos restos mortais de Eusébio da Silva Ferreira de forma a homenagear "o símbolo nacional, o futebolista e o desportista excecional para a época, evocando o seu estatuto de um marco na divulgação e na globalização da imagem e da importância de Portugal no Mundo”.[15] A cerimónia ocorreu no dia 3 de julho, um ano depois da última trasladação.[16][17][18]
Breve cronologia |
- 1568: A Infanta D. Maria manda erguer uma igreja dedicada a Santa Engrácia de Saragoça por ocasião da formação da freguesia lisboeta com o mesmo nome;
- 1630: Referência nos arquivos paroquiais do chamado 'desacato de Santa Engrácia', de 15 de janeiro, de onde provém a lenda de maldição do monumento;
- 1681: Um grande temporal deixa o monumento gravemente danificado;
- 1682: Início das obras de reconstrução;
- 1755: O terramoto do 1.º de novembro não causa grandes danos no edifício;
- 1836: Decreto de Passos Manuel de 26 de setembro, que visa a edificação de um Panteão Nacional mas não escolhe um local concreto;
- Finais do século XIX e inícios do século XX: Torna-se depósito de armamento do Arsenal do Exército e fábrica de sapatos;
- 1910: Atribuído o estatuto de monumento nacional;
- 1916: Atribuída a função de Panteão Nacional à ainda incompleta Igreja de Santa Engrácia, pela Lei n.º 520, de 29 de abril;[4]
- 1965: Criada uma comissão para definir o conceito e o programa do panteão;
- 1966: Finalizadas as obras de reconstrução. Missa inaugural celebrada pelo Cardeal Cerejeira. Trasladados solenemente os corpos de Almeida Garrett, Guerra Junqueiro, João de Deus, Óscar Carmona, Sidónio Pais e Teófilo Braga em cerimónia entre os dias 1 e 5 de dezembro do mesmo ano;
- 1990: Trasladação do corpo do Marechal Humberto Delgado a 5 de outubro;[19][20]
- 2000: Publicação da Lei n.º 28/2000, de 29 de novembro, que define e regula as honras do Panteão Nacional. São definidas as atuais honras de panteão: «homenagear e perpetuar a memória dos cidadãos que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade.»;[21]
- 2001: Trasladação do corpo de Amália Rodrigues, a 8 de julho;
- 2003: Publicação da Lei n.º 35/2003, de 22 de agosto, que atribui o estatuto de panteão nacional à Igreja de Santa Cruz, em Coimbra;[22]
- 2004: Trasladação do corpo de Manuel de Arriaga, a 16 de setembro;
- 2007: Trasladação do corpo de Aquilino Ribeiro, a 19 de setembro;
- 2011: Solicitada a trasladação dos corpos de Passos Manuel e de Marcos Portugal, que não ocorre devido a restrições orçamentais;[13]
- 2014: Trasladação do corpo de Sophia de Mello Breyner a 2 de julho;[23]
- 2015: Trasladação do corpo de Eusébio da Silva Ferreira, a 3 de julho.[17][24][25][26]
- 2016: A deposição no panteão nacional dos restos mortais dos cidadãos distinguidos passa a só poder ocorrer 20 anos após a sua morte, enquanto a afixação de lápide alusiva à sua vida e à sua obra pode realizar-se cinco anos após a morte. É concedido o estatuto de Panteão Nacional ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e ao Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.[2]
Visitas |
Entre 2008 e 2014, o número de visitantes foi sempre acima dos 50 mil, tendo ultrapassado os 100.000 a partir de 2015:
- 2008 - 50.930 visitantes
- 2009 - 60.100
- 2010 - 55.384
- 2011 - 56.065
- 2012 - 65.068
- 2013 - 72.226[27]
- 2014 - 89.629[28]
- 2015 - 100.714(In: http://www.panteaonacional.gov.pt/2018/01/11/150-000-visitantes-em-2017-panteao-nacional-com-aumento-de-24-de-publico-em-relacao-a-2016/)
- 2016 - 120.731(idem)
- 2017 - 150.004 (ibidem)
Mosteiro de Santa Cruz (Coimbra) |
Ver artigo principal: Mosteiro de Santa Cruz
A Igreja de Santa Cruz, em Coimbra, enquanto Panteão Nacional destina-se à prestação de honras ao primeiro rei de Portugal e seus sucessores aí sepultados.[29]
No Mosteiro de Santa Cruz estão sepultados:
D. Mafalda de Saboia (1125 - 1157);
D. Afonso Henriques (1109 - 1185);
D. Dulce de Aragão (1160 - 1198);
D. Sancho I (1154 - 1211).
Referências
↑ Cf. Decreto, de 26 de setembro de 1836.
↑ abc Cf. Lei n.º 28/2000, de 29 de novembro, na redação dada pela Lei n.º 14/2016, de 9 de junho, com republicação.
↑ abcd Canelas, Lucinda (12 de janeiro de 2014). «Património. A igreja que foi fábrica de sapatos é uma casa de heróis mal amada». PÚBLICO. Consultado em 5 de março de 2018
↑ ab Lei n.º 520, de 29 de abril de 1916.
↑ abcd «Não é estória, é Historia (2): "As obras de Santa Engrácia", por Luís Fernandes». Sítio da Biblioteca da Escola Daniel Sampaio. 18 de janeiro de 2011. Consultado em 5 de março de 2018
↑ https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4747389
↑ http://expresso.sapo.pt/aquilinianos-querem-escritor-de-volta-a-escola=f120798
↑ Leonor Figueiredo (20 de março de 2007). «Aquilino Ribeiro é o décimo a ascender ao Panteão Nacional». Diário de Notícias. Consultado em 5 de março de 2018
↑ «Trasladação para Panteão divide opiniões». TSF. 19 de setembro de 2007. Consultado em 5 de março de 2018
↑ Leonor Figueiredo (13 de maio de 2007). «"Aquilino foi terrorista, não deve ficar no Panteão"». Diário de Notícias. Consultado em 5 de março de 2018
↑ Carlos Lopes (19 de março de 2007). «Restos mortais de Aquilino Ribeiro vão para o Panteão Nacional». PUBLICO. Consultado em 5 de março de 2018
↑ «Audição Parlamentar». www.parlamento.pt. Consultado em 5 de março de 2018
↑ ab «Esclarecimento sobre a notícia de homenagem a Passos Manuel». www.parlamento.pt. Consultado em 5 de março de 2018
↑ Lourenço, Luís Miguel Queirós, Nuno Sá (10 de janeiro de 2014). «Sophia de Mello Breyner. Sophia vai entrar no Panteão». PÚBLICO. Consultado em 5 de março de 2018
↑ «Parlamento dá honras de Panteão Nacional a Eusébio». 20 de Fevereiro de 2015
↑ «Cerimónia de trasladação de Eusébio vai condicionar trânsito em Lisboa». Consultado em 2 de julho de 2015
↑ ab «Jornal de Notícias». Consultado em 2 de julho de 2015
↑ «ABOLA.PT - Anunciado programa da trasladação de Eusébio para o Panteão Nacional». abola.pt. Consultado em 2 de julho de 2015
↑ «Resolução da Assembleia da República n.º 19/88.» (PDF). Diário da Assembleia da República Portuguesa. 12 de outubro de 1988. Consultado em 2 de janeiro de 2011
↑ «Cronologia: Humberto Delgado no Panteão Nacional.». Fundação Mário Soares. 12 de outubro de 1988. Consultado em 2 de janeiro de 2011
↑ Lei n.º 28/2000, de 29 de novembro.
↑ Lei n.º 35/2003, de 22 de agosto.
↑ «TVI24». www.tvi24.iol.pt. Consultado em 5 de março de 2018
↑ «Eusébio é o 12º no Panteão». Consultado em 3 de julho de 2015
↑ «Eusébio no Panteão, em direto». Consultado em 3 de julho de 2015
↑ «Notícias ao Minuto - Panteão Nacional recebe hoje restos mortais de Eusébio». Consultado em 3 de julho de 2015
↑ «Visitas ao Panteão aumentaram nos últimos anos»
↑ Ana Nabais (16 de janeiro de 2015). «Mais de 3,5 milhões de visitantes em museus, palácios e monumentos nacionais». SOL. Consultado em 5 de março de 2018
↑ Artigo 1.º da Lei n.º 28/2000, de 29 de novembro, na redação dada pela Lei n.º 35/2003], de 22 de agosto.
Ver também |
- Panteão da Dinastia de Bragança
- Panteão dos Patriarcas de Lisboa
Ligações externas |
- Sítio oficial
Igreja de Santa Engrácia (Lisboa) na base de dados Ulysses da Direção-Geral do Património Cultural
Mosteiro de Santa Cruz (Coimbra) na base de dados Ulysses da Direção-Geral do Património Cultural
- O Panteão Nacional no Google Arts & Culture