Funk
Nota: Para outros significados, veja Funk (desambiguação).
Funk | |
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James Brown, um dos grandes nomes do funk | |
Origens estilísticas | A partir da soul music, com bastante ênfase nas batidas, influências do rhythm and blues, jazz e do rock psicodélico |
Contexto cultural | metade da década de 1960, Estados Unidos(especialmente em Memphis e Detroit) |
Instrumentos típicos | vocal, guitarra elétrica, baixo, bateria, teclados (órgão Hammond, clavinet, sintetizador), metais |
Formas derivadas | disco music, krautrock, post-punk, house music, hip hop, electro, drum and bass, rhythm and blues contemporâneo |
Subgêneros | |
go-go, deep funk | |
Gêneros de fusão | |
acid jazz, punk funk, afrobeat, avant-funk, funky house, funk metal, funk psicodélico, funk rock, funkcore, jazz funk, go-go, g-funk, samba funk skweee,UK funky | |
Outros tópicos | |
groove |
O funk [fânc][1] é um gênero musical que se originou nos Estados Unidos quando músicos afro-americanos, misturando soul, jazz e rhythm and blues, criaram uma nova forma de música rítmica e dançante. O funk tira a ênfase da melodia e da harmonia e traz um groove rítmico forte de baixo elétrico e bateria no fundo. Músicas de funk são comumente baseadas em poucos acordes apenas, distinguindo-se das músicas de rhythm and blues, que são centradas nas progressões de acordes.
Com seu conceito desenvolvido por James Brown na década de 1960, com o desenvolvimento de de um groove de assinatura que enfatiza o downbeat, Brown deu o nome de "The One" (ou seja, o apoio rítmico no primeiro tempo)[2] e foi considerado o padrinho do funk.[3]
Outros grupos musicais, incluindo Sly & the Family Stone e Parliament-Funkadelic, logo começaram a adotar e desenvolver as inovações de Brown. Enquanto grande parte da história escrita do funk se concentra nos homens, houve notáveis mulheres de funk, incluindo Chaka Khan, Labelle, Lyn Collins, Brides of Funkenstein, Klymaxx, Mother's Finest e Betty Davis.
O funk pode ser melhor reconhecido por seu ritmo de batidas repetitivas sincopado, pelos vocais de alguns de seus cantores e grupos (como Cameo, ou The Bar-Kays). E ainda pela forte e rítmica seção de metais, pela percussão marcante e ritmo dançante. Nos anos 1970, o funk foi influência para músicos de jazz (como exemplos, as músicas de Miles Davis, Herbie Hancock, George Duke, Eddie Harris, entre outros).
Os músicos negros norte-americanos primeiramente chamavam de funk à música com um ritmo mais suave. Esta forma inicial de música estabeleceu o padrão para músicos posteriores: uma música com um ritmo mais lento, sexy, solto, orientado para frases musicais repetidas (riffs) e, principalmente, dançante. Funk era um adjetivo típico da língua inglesa para descrever estas qualidades. Nas jam sessions, os músicos costumavam encorajar outros a "apimentar" mais as músicas, dizendo: Now, put some stank (stink/funk) on it! (algo como "coloque mais funk nisso!").
Os derivados de Funk incluem o funk psicodélico de Sly Stone e Parliament-Funkadelic; o avant-funk de grupos como Talking Heads e Pop Group; boogie (ou electro-funk), uma forma de música eletrônica; Electro, um híbrido de música eletrônica e funk; funk metal (por exemplo, Living Colour, Faith No More); G-funk, uma mistura de gangsta rap e funk; Timba, uma forma de música funk cubana; e funk jam (por exemplo, Phish). Os samples de funk e os breakbeats foram utilizados extensivamente em gêneros, incluindo hip hop, e várias formas de electronic dance music, como house music, old-school rave, Breakbeat e drum and bass. É também a principal influência do go-go, um subgênero associado ao funk.[4]
Índice
1 Etimologia
2 Características
3 Década de 1960
4 Década de 1970
5 Década de 1980
6 Década de 1990
7 Referências
8 Ligações externas
Etimologia
A palavra funk (pronuncia-se [fânc]) em inglês originalmente se referia de forma ofensiva, a um forte odor. Segundo o historiador Robert Farris Thompson e antropólogo em seu livro Flash Of The Spirit: African & Afro-American Art & Philosophy, a palavra funky tem sua raiz semântica da palavra "lu-fuki" na língua kikongo, que significa "odor corporal". De acordo com sua tese, "tanto músicos de jazz, como bakongos usavam funky e lu-fuki para elogiar as pessoas certas para a integridade de sua arte, tendo trabalhado para alcançar seus objetivos." Este sinal kongo de esforço é identificado com a irradiação de energia positiva por essa pessoa. Por isso, "funk" no jargão do jazz americano poderia significar terreno, o retorno ao básico, autêntico.[5] "Músicos de jazz afro-americanos originalmente utilizavam o termo aplicada à música com um groove lento e melodioso, posteriormente, a um ritmo duro e insistente, relacionando qualidades corporais ou carnais na música. Esta forma de música antiga estabeleceu o padrão para músicos posteriores.[6]
É possível que o termo funk seja derivado de um cruzamento entre o termo kikongo lu-Fuki (usado na comunidade Afro-americana) e termos em inglês stinky (odor, mau cheiros). Em 1907 já existiam canções com títulos como "Funky Butt Ballroom" de Buddy Bolden.[7] Até o final dos anos 1950 e início dos anos 1960, quando "funk" e "funky" foram usados cada vez mais em contexto da soul music, os termos ainda eram considerados rudes e de uso inadequado. De acordo com uma fonte, Earl Palmer, baterista de New Orleans, foi o primeiro a usar a palavra funk para explicar aos outros músicos que sua música deve ser mais sincopados e dançante."[8][9][2]
Características
O funk cria um groove intenso através do uso de riffs poderosos e linhas de baixo. Como as gravações da Motown, as canções de linhas de baixo do funk eram usadas como o tema central das canções. Tocando o baixo mediante a técnica do slap, tocados com o polegar e outros notas altas tocadas com os outros dedos, permitindo assim que o baixista tenha um papel rítmico semelhante ao da bateria, o que se tornou um elemento central do funk. Alguns dos solistas mais conhecidos e qualificados no funk tinha uma influencia significativo do jazz. O trombonista Fred Wesley e o saxofonista Maceo Parker estão entre os músicos mais notáveis do funk, tendo ambos tocado com músicos como James Brown, George Clinton e Prince. Algumas das bandas de funk mais distintivas das décadas de 1960 e 1970 são Kool & The Gang, The Meters, Tower of Power, Earth, Wind & Fire, The Blackbyrds, The Ohio Players, The Brothers Johnson e Charles Wright & the Watts 103rd Street Rhythm Band.
Linha de baixo funk Exemplo de linha de baixo funk usando a técnica do slap | |
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Os acordes utilizadas em canções do funk tipicamente envolver um modo dórico ou mixolídio, em oposição aos tons maiores ou menores usuais da música popular. O teor de melodia foi derivada a partir da mistura destes modos com a escala dos blues. Na década de 1970, o jazz fundido ao funk veio para criar um novo subgênero, jazz-funk, que pode ser ouvida em gravações por Miles Davis[10] e Herbie Hancock.[11]
Jazz-funk Exemplo de gravação jazz-funk | |
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Nas bandas do funk, os guitarristas tipicamente tocam um estilo percussivo, muitas vezes usando o som de um pedal wah-wah e silenciam as notas em seus riffs para criar um som percussivo. O guitarrista Ernie Isley de The Isley Brothers e Eddie Hazel do Funkadelic foram fortemente influenciados pelos solos improvisados Jimi Hendrix. Eddie Hazel, que trabalhou com George Clinton, é um dos mais significativos guitarristas solo de funk. Ernie Isley aprendeu com o próprio Jimi Hendrix, que em seus primeiros anos, trabalhou com The Isley Brothers.[12]Jimmy Nolen e Phelps Collins são conhecidos como guitarristas rítmicos e ambos trabalharam com James Brown.
Década de 1960
Somente com as inovações de James Brown em meados dos anos 1960 é que o funk passou a ser considerado um gênero distinto. Na tradição do rhythm and blues, estas bandas bem ensaiadas criaram um estilo instantaneamente reconhecível, repleto de vocais e coros de acompanhamento cativantes. Brown mudou a ênfase rítmica 2:4 do soul tradicional para uma ênfase 1:3, anteriormente associada com a música dos brancos - porém com uma forte presença da seção de metais.[13] Com isto, a batida 1:3 virou marca registrada do funk tradicional. A gravação de Brown feita em 1965 de seu sucesso "Papa's Got a Brand New Bag" normalmente é considerada como a que lançou o gênero funk, porém a canção "Out of Sight", lançada um ano antes, foi claramente um modelo rítmico para "Papa's Got a Brand New Bag, contudo, para outros a canção "Cold Sweat" de 1967, composta por Brown em parceria com o saxofonista Alfred "Pee Wee" Ellis, foi o primeiro exemplo de um canção funk legítima.[14]
Muitos creditam a criação do gênero ao baterista Chuck Connors, que assim como Earl Palmer, fora baterista de Little Richard.[15][16] Após a saída temporária de Little Richard da música secular para se tornar um evangelista, alguns dos membros da banda de Richard se juntaram a Brown e à sua banda Famous Flames, começando uma sequência de sucessos, a partir de 1958.[2]
Em meados da década de 1960, o grupo Sly and Family Stone promoveu uma mistura de soul, rock psicodélico e funk.[17][18] A banda The Isley Brothers com o então desconhecido Jimi Hendrix, havia feito uma fusão de rock e soul na canção Testify (1964).[19]
Década de 1970
Nos anos 1970, influenciado por Jimi Hendrix[20][21] e Sly and Family Stone,[22]George Clinton, com suas bandas Parliament e, posteriormente, Funkadelic, desenvolveu um tipo de funk mais pesado, influenciado pelo jazz e pelo rock psicodélico. As duas bandas tinham músicos em comum, o que as tornou conhecidas como Parliament-Funkadelic. O surgimento do Parliament-Funkadelic deu origem ao chamado P-funk, que se referia tanto à banda quanto ao subgênero que desenvolveu.[23]
O Movimento Funk era inicialmente desconhecido para o público branco, ele finalmente consegue espaço, especialmente graças à música disco, na segunda metade da década de 1970.[24]
Outros grupos de funk surgiram nos anos 1970: Mandrill, B.T. Express, Average White Band, The Main Ingredient, The Commodores, Earth, Wind & Fire, War, Lakeside, Brass Construction, KC and the Sunshine Band, Kool & The Gang, Chic, Cameo, Fatback, The Gap Band, Instant Funk, The Brothers Johnson, Ohio Players, Wild Cherry, Skyy, e músicos/cantores como Jimmy "Bo" Horne, Rick James, Chaka Khan, Tom Browne, Kurtis Blow (um dos precursores do rap) e os popstars Michael Jackson e Prince, esse último formou o Time, originalmente concebido como um ato de abertura para ele e baseado em seu "som de Minneapolis", mistura híbrida de funk, R&B, rock, pop e new wave.[25]
A música disco dividia opiniões, enquanto James Brown se intitulou o The Original Disco Man no disco homônimo de 1979,[26] no Brasil, Tim Maia gravou o álbum Tim Maia Disco Club (1978), com a participação da Banda Black Rio e produção de Lincoln Olivetti,[27] George Clinton compôs "(Not Just) Knee Deep" (1979), um manifesto contra o estilo.[28]
O funk foi também exportado para a África, e se fundiu com canto e ritmos africanos para formar o afrobeat. O Músico nigeriano Fela Kuti, que foi fortemente influenciado pela música de James Brown, é considerado o criador do estilo.[29]
Década de 1980
Na década de 1980, em grande parte como uma reação contra o que foi visto como o excesso da música disco, muitos dos elementos principais que formam a base da fórmula P-Funk começou a ser usurpado por máquinas eletrônicas e sintetizadores.[24][30] Naipes de metais foram substituídos por teclados sintetizadores, e os metais que permaneceram receberam linhas simplificadas, e poucos solos. Os teclados clássicos do funk, como o órgão Hammond B3, o clavinete Hohner /ou o piano Fender Rhodes começaram a ser substituídos pelos novos sintetizadores digitais como o Yamaha DX7. Caixas de ritmos como a Roland TR-808 começaram a substituir os "bateristas funk" do passado, e o estilo slap e pop de tocar baixo eram muitas vezes substituídos por linhas de baixo do sintetizador . As letras das canções do funk começaram a mudar a partir de duplos sentidos sugestivos para o conteúdo mais gráfico e sexualmente explícito.
Nessa época, surgiram também algumas derivações do funk como o electro que fazia grande uso de samplers, e sintetizadores. Tais ritmos se tornaram combustível para os movimentos break e hip hop.
Seus derivados, o rap e o hip hop, porém, começaram a se espalhar, com bandas como Sugarhill Gang e Soulsonic Force (em parceria com Afrika Bambaataa). A partir do final dos anos 1980, com a disseminação dos samplers, partes de antigos sucessos de funk (principalmente dos vocais de James Brown, conhecidos como Woo! Yeah! e a bateria de seu single Funky Drummer, executada por Clyde Stubblefield)[31] começaram a ser copiados para outras músicas pelo novo fenômeno das pistas de dança, a house music.[32][33] Outra canção copiada foi "Amen, Brother" da banda The Winstons, o solo copiado passou a ser conhecido como Amen break.[34]
Os anos 1980 viram também surgir novos artistas fazendo as fusões funk rock, uma mistura entre guitarras distorcidas de rock ou heavy-metal e a batida do funk, em grupos como Red Hot Chili Peppers (rock)[24] e Primus (heavy metal), a banda Red Hot Chili Peppers inclusive teve o segundo álbum produzido por George Clinton.[28]
Década de 1990
Na década de 1990, artistas surgem do movimento acid jazz que moldaram bandas como Brand New Heavies, Incognito, Galliano, Omar e Jamiroquai, que se inspiraram em elementos importantes do funk. No entanto, eles nunca chegaram perto de alcançar o sucesso comercial do funk em seu auge, com a exceção de Jamiroquai, cujo álbum Travelling without Moving vendeu cerca de 11,5 milhões copias.
Desde meados da década de 1990 emerge a cena nu-funk, intimamente relacionada com o ambiente "deep funk", produzindo um novo material influenciado pelo som de raridades do funk, que não tiveram sucesso mainstream.
Referências
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↑ abc Rj Smith (2012). James Brown : sua vida, sua música. [S.l.]: Leya Brasil. 632 páginas. ISBN 9788580445466
↑ Diretor americano anuncia que vida de James Brown vai virar filme
↑ Vincent, Rickey (1996). Funk: The Music, the People, and the Rhythm of the One. New York: St. Martin's Press. pp. 293–297. ISBN 978-0-312-13499-0.
↑ What is the real meaning of funky
↑ Merriam-Webster, Inc, The Merriam-Webster New Book of Word Histories (Merriam-Webster, 1991), ISBN 0877796033, p. 175.
↑ Who Started Funk Music, Real Music Forum
↑ Obituario de Earl Palmer en The Guardian
↑ Rickey Vincent (2014). Funk: The Music, The People, and The Rhythm of The One. [S.l.]: St. Martin's Griffin. 69 páginas. 9781466884526
↑ Miles Davis
↑ Os ensinamentos de Buda e Miles no jazz de Herbie Hancock
↑ Frank Hoffmann (2005). Rhythm and Blues, Rap, and Hip-hop. [S.l.]: Infobase Publishing. 134 páginas. 9780816069804
↑ Medeiros, Janaína. Funk carioca: crime ou cultura?: o som dá medo e prazer. Coleção Repórter especial. Editora Terceiro Nome, 2006. ISBN 8587556746, 9788587556745
↑ Nelson George, The Death of Rhythm & Blues (New York: Pantheon Books, 1988), 101
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↑ Jim Payne (2010). The Great Drummers of R and B Funk and Soul. [S.l.]: Mel Bay Publications. 9781609745820
↑ André Barcinski (17 de agosto de 2015). «Sly and the Family Stone: a máquina do som». R7
↑ Amauri Stamboroski Jr. e Lígia Nogueira (14 de agosto de 2009). «G1 lista 10 artistas essenciais para entender Woodstock». Portal G1
↑ Zeca Azevedo (7 de Junho de 2006). «Isley Brothers, a primeira família do soul». Rock Press
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↑ Mark Anthony Neal (2013). What the Music Said: Black Popular Music and Black Public Culture. [S.l.]: Routledge. 113 páginas. 9781135204624
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↑ Campbell, Michael (2008). Popular Music in America: The Beat Goes On. Cengage Learning, 2008. p. 300. ISBN 0495505307.
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↑ A origem do Afrobeat Revista Raça Brasil
↑ «O padrinho do hip-hop». Editora Escala. Raça Brasil (182). 2013
↑ Ex-baterista de James Brown, um dos mais sampleados do mundo, busca reconhecimento
↑ João Gabriel de Lima (2 de Outubro de 1991). «A Volta do Papa do pop». Editora Abril. Revista Veja (1202): 94 e 95
↑ Dana Ayres (2014). The Historical Seeds and Worldwide Dissemination of House Music. [S.l.]: Lulu.com. 28 páginas. 9781312537408
↑ Conheça o solo de bateria que já foi usado 'em 1,5 mil músicas'
Ligações externas
Funk @ AllMusic (em inglês)
Deep Funk (em português)
Funk @HowStuffWorks (em português)